quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vem aí o S. Martinho de Maçores!

Para falar das festas de S. Martinho de Maçores, que se iniciam no próximo dia 11 de Novembro, nada melhor do que dar a palavra a um maçorano, o nosso Amigo e ilustre gaiteiro Filipe Camelo, a quem agradecemos a seguinte descrição, respigada do fórum de Maçores (www.macores.pt.vu):

Para quem não sabe, em Maçores celebra-se o S. Martinho, que é o orago da freguesia. Esta festa, que se realiza a 11 de Novembro, tem uma das tradições mais simpáticas deste país, pois não conheço lugar algum, onde o convívio seja tão animado. Esta tradição assenta no seguinte:

O GAITEIRO

O gaiteiro, é uma pessoa que toca gaita-de-foles. Então, na manhã do dia 11 de Novembro, está à entrada da aldeia, um grupo de homens que aguarda a sua chegada e a anuncia com fogo de artificio, afim de transmitir à restante população.

Após a recepção e familiarizado o gaiteiro, vão-lhe ser ensinadas as cantigas da aldeia. Caso o gaiteiro já cá estivesse em anos anteriores, pois esta lição nada mais é do que uma recapitulação, onde numa simples volta a recordará. Mas o pior, é quando o gaiteiro é novo, que nunca ouviu as músicas da terra. Este mais esforço e empenho requer para aprender. Então os homens presentes, cantam as cantigas do S. Martinho para afinar e levar ao compasso desejado o artista.

O CORO

O coro, assim por mim designado, é um grupo de homens, expontâneo, não constituído anteriormente, normalmente homens de Maçores, que sabem, as musicas da festa e que ao som da gaita de foles, entoam os hinos locais, em vozes graves, em compasso lento, arrastado e em muitas vezes, descoordenado.

O coro, acompanha quase sempre o gaiteiro, sendo excepção a procissão, e a caldeira pelas ruas da freguesia. Neste coro, não existe um mínimo nem máximo de elementos, participando nele, todos quantos queiram acompanhar a caldeira e o gaiteiro.

A CALDEIRA

A caldeira é um recipiente metálico, de forma cilíndrica estanque e construído de material zincado. Tem uma asa ou alça metálica, fixa e arredondada. É usada frequentemente, nos meios rurais com o objectivo de cozer os alimentos (nabiças, nabos, batatas,) para o gado muar e asinino.

Em Maçores, a caldeira vai ser um objecto fundamental nas festas de S. Martinho, porque nela é que irá ser depositado esse liquido que neste dia se prova, como diz o velho ditado: " No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho."

O ENCHER E O BEBER DA CALDEIRA

Como já se referiu, a caldeira vai ser o contentor do vinho. Então, dois homens, com a ajuda de um pau ou vara, segurando cada um nas extremidades, vão colocar a vara de madeira, pelo interior da alça e transporta-la pelas artérias da aldeia, enquanto que seguem á sua rectaguarda, o coro de homens e o gaiteiro.

Pronta então esta formação, dá-se início ao enchimento da caldeira. Assim, este grupo, desloca-se pela aldeia fora, com a finalidade de encher a caldeira nas adegas dos produtores de vinho locais, que pouco a pouco, a vão atestando. Sempre nestas deslocações, a caldeira é acompanhada pelo coro e pelo gaiteiro.

Engraçada é, a forma de como se deve beber, segundo a tradição, pela caldeira. Então, a caldeira é colocada no solo. O que nela for beber, terá de colocar os joelhos no chão e inclinar-se sobre ela, introduzindo no interior do aro superior a cabeça e no cimo do vinho os lábios e pelo método da sucção, aspira o liquido. Desta forma, e como se diz por cá, "beba, que não beba, mergulhar, vai ter que mergulhar".Quer isto dizer, que pelo menos, tem que por os lábios no vinho.

O MAGUSTO

O magusto realiza-se depois da eucaristia e da procissão. As pessoas que querem participar reunem-se, normalmente no Lugar da Eiras, por ser um espaço tranquilo, óptimo para este tipo de convívio. Então são trazidas as castanhas e a palha que servirá para as assar. Esta última é espalhada no chão e as castanhas espalhadas sobre a palha. Incendeia-se e começa-se o assar das castanhas.

Logo que as primeiras castanhas estejam assadas, os participantes, aproximam-se do extinta fogueira e retiram-nas, consumindo-as em livre associação e feliz convívio entre todos até que se acabem as castanhas, fazendo, portanto, mais fogueiras. Durante o magusto, está presente a caldeira e o gaiteiro. A caldeira, desta vez, está colocada no chão, disponível para qualquer pessoa que queira beber. O gaiteiro, toca as musicas que conhece, tendo que, mais frequentemente, tocar as musicas do S. Martinho, acompanhadas pelos homens que formam o coro.

Assim que haja cinzas resultantes da queima da palha, as pessoas, sujam propositadamente as mãos, de modo a ficarem negras, para depois, as irem a esfregar nas caras das pessoas que estão presentes. Ora, com isto, levamos a um convívio, onde todas as pessoas estão de igual, com as caras sujas do carvão, levando-as a designar por já terem a cara "enfarruscada" ou "enfurretada".

Por fim e para aquelas pessoas que não puderam estar presentes no magusto, assam-se castanhas, que depois são introduzidas em sacos e os homens transportam-nos ao ombro, pelas ruas de Maçores e que vão distribuindo e dividindo pelas pessoas que se abeirarem. Recordo, mesmo nesta distribuição, a caldeira e o gaiteiro estão presentes, podendo desta maneira, as pessoas que não fossem ao magusto, ver a caldeira e ouvir as nossas melodias ao som da gaita-de-foles e do coro masculino.

  • Ver mais em: www.macores.pt.vu
  • Nota: Brevemente postaremos alguns trechos do cancioneiro de Maçores.

Portanto não se esqueçam: as festas de S. Martinho de Maçores são já para a semana!

6 comentários:

Anónimo disse...

Viva o S. Martinho e a aldeia de Maçores e os seus habitantes por não deixarem esquecer as tradições, tornando-as vivas através da Festa, do convívio e da partilha. Pelo que li, penso que se trata de reunir e de aproximar as pessoas, mesmo as que não tiveram possibilidade de ir ao magusto.

Parabéns!

Isabel

Anónimo disse...

Oh Isabel, o Magusto e a festa de S. Martinho ainda vão ser (para a próxima semana) - a descrição do Filipe reporta-se a festas de anos anteriores.
abraço,
n

Anónimo disse...

Quisiera saber si la fiesta se celebra el día 11 o bien la trasladan al sabado y domingo, pues entonces me apunto. Gracias y un saludo .Angel

Anónimo disse...

Angel: La fiesta se vá a celebrar en el sabado y domingo, pero que en el jueves, nosotros si vamos a estar alhá en Maçores, y empezaremos con nuestra tradicion. Te lo digo, que por la noche, vmaos a tener el "gaiteiro", en la Associacion de Maçores. Tenemos mucho "convívio" porque van llegando los "Maçoranos" a partir de ese dia.
Te invito a venir, pero te lo digo tambien, que el sabado vá a ser el dia en que se faron las tradiciones todas. El mejos dia, sin dúbida que vá a ser el sábado por la tarde.
Hasta cumpanhero.
Filipe Camelo

Anónimo disse...

Sábado por la tarde hasta la noche, sin duda, es el mejor día. Pero yo solamente estaré por el fín de la tarde porque tenemos antes una charla sobre História de la República en Trás-os-Montes, por Rogério, y solamente puderé estar ahí después de este otro momento cultural. Así, Angél, como pudes veer hay siempre por aquí harto programa de actividades. Hasta sábado, con abrazo, también para Filipe y amigos de Maçores,
N.

Angel disse...

Gracias a ambos.Imagino habra que llevar traje para la ocasión para poder mergulhar bien.
Este año no me lo pierdo.Un abrazo.Angel