terça-feira, 15 de outubro de 2019

Rogério /Pedro Castelhano, Antologia - "De bar em bar"

Procurando no meu tão desorganizado arquivo, encontrei o poema que vai em baixo (tenho outros que me foi enviando, mas foram depois publicados no seu livro "(Re)cantos d'amar morto"). Este não se encontra nos "(Re)cantos", pelo que suponho que estará inédito. Julgo que também será dedicado ao nosso Amigo Manel Mota, ou então inspirado nele, visto que o Manel não era de beber muito. Não tem data inscrita, mas o Word revela que o ficheiro foi criado em 26.03.2009. Às 17,06h.
É uma celebração. A todos os Amigos que já não vão chegar...


De bar em bar

Ao Manel


Por favor, uma cerveja para o meu amigo.
Estou só, quero falar contigo
não tenho tempo para mais.

Por favor, uma cerveja para o meu amigo.
Nesta noite falaremos de mulheres
orquídeas, rosas e malmequeres.
Nesta noite falaremos do passado
com o futuro lado a lado.

Nesta noite, cheios de copos
de bar em bar
havemos de recordar
os tormentos
os lamentos
os bons momentos
que não hão-de voltar.

Nesta noite de lua cheia,
por favor, uma cerveja para o meu amigo.

Tivemos pérolas e corais
que não teremos mais
estrelas em cada olhar
e na boca ondulava o mar
até secar.

Por favor, uma cerveja para o meu amigo.

Sei que estou bêbedo
e a cidade me esqueceu.
Não há tristeza que não venha cedo
Mas cedo ou tarde sou eu.

Por favor, uma cerveja para o meu amigo.

Não vão fechar o bar
que só ainda agora cheguei.

Pela vida andei e tanto andei
e tanto amei e tanto amei
que sou o que sou mas não sei
o tanto de tanto que  amei.

Por favor, não feche o bar
que o meu amigo está mesmo a chegar.

Por favor, uma cerveja
para o meu amigo
que não vai chegar.

Pedro Castelhano

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