segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Rogério Rodrigues, Antologia - "Vida e mortes de Faustino Cavaco"



Em 1988 é editado pelo EuroClube o livro "Vida e mortes de Faustino Cavaco", um volumoso registo de 516 páginas, em que um homicida cadastrado conta os seus "feitos". Rogério Rodrigues consegue entrevistá-lo na prisão, pelo que a autoria da "obra" é concedida ao visado. No entanto, a condução da entrevista, transcrição e organização do texto é do jornalista RR. O caso de Faustino Cavaco, um dos célebres "irmãos Cavaco", prende-se com uma fuga da prisão de seis condenados, há mais de 30 anos, deixando atrás de si um rasto de sangue. A despeito dos crimes praticados, a RR interessou-lhe acima de tudo o lado humano do homicida condenado a 28 anos e o carácter documental e realista da narrativa.
O livro foi um enorme sucesso de vendas, encontrando-se há muito esgotado.   O caso foi "desenterrado" pelo jornalista Bruno Vieira Amaral, em artigo do "Observador", em 28.07.2016, assinalando os 30 anos da mediática fuga - ver aqui:  https://observador.pt/especiais/faustino-cavaco-a-fuga-da-prisao-que-parou-o-pais/
Tal como disse ao "Observador" (e também nos contou algumas vezes), "Rogério Rodrigues diz que o acordo estabeleceu que os direitos de autor fossem para a filha de Faustino Cavaco. Rogério quis apenas ficar com 12 exemplares: 'Hoje não tenho nenhum'. Diz que se limitou a organizar o livro, cujo original lhe chegou às mãos através de um contacto que tinha na Penitenciária de Coimbra, onde Faustino Cavaco cumpria pena".  
Diz ainda o articulista do Observador: "Para o jornalista [Rogério Rodrigues], os outros viam Faustino “como um temperamental”, mas acredita que a personalidade daquele homem tinha sido marcada pelo que sofreu, “primeiro com a morte da mãe e depois às mãos da madrasta.” Encontrou-se várias vezes com ele antes da publicação do livro e diz que “era um homem muito especial, muito interessante”. Após a sua libertação, em 1999, Faustino Cavaco terá investido numa criação de caracóis, terá explorado duas casas de alterne e, por fim, terá tido uma empresa de gestão de condomínios, sempre no Algarve. Nunca voltou a ter problemas com as autoridades. 'Ainda me convidou para o ir visitar ao Algarve, mas nunca mais nos encontrámos', diz Rogério Rodrigues, que sabe quem foi o homem da PJ que obteve a informação do esconderijo dos Cavacos, mas não revela o nome."

Este livro viria a ter outra edição no ano seguinte (1989), com a chancela da Heptágono:

Para os interessados, aqui fica o índice: 
Introdução;
- A minha família;
- A minha ida para França;
- A morte da minha mãe;
- Um carrasco na pele da madrasta;
- O 'irmão' da minha ruína;
- Regresso ao Algarve;
- Regresso do meu pai;
- A morte do meu filho;
- O principio do meu fim;
- O Pires chega de França;
- Assalto ao banco de Beja;
- A morte do 'Laginha' e dos guardas-fiscais;
- A GNR sem pistolas;
- Assalto nas barbas da PJ;
- Prisão do Michel;
- Os últimos assaltos;
- Dois de Janeiro de 1985 - O dia em que morri;
- Pela primeira vez na prisão;
- Entrada na Penitenciaria;
- O inferno de Pinheiro da Cruz;
- A fuga para a morte;
- Perseguição e captura;
- As últimas horas;
Glossário

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