segunda-feira, 16 de abril de 2012

in memoriam Dr. Carlos Girão

Como se diz que um mal nunca vem só, quase a seguir ao Sr. Capela, faleceu este fim-de-semana o Dr. Carlos Girão, advogado e antigo professor da Escola Secundária de Torre de Moncorvo, de raízes felgarenses, embora natural de Pegarinhos, concelho de Alijó, onde nasceu em 17.10.1946.
Tendo-se licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi director da Casa Pia (secção de Pina Manique), regressando mais tarde (em 1979) às origens moncorvenses. Aqui, em colaboração com o Sr. Norberto Moreira, fez algumas emissões de rádio (fase "pirata") na então designada Rádio Roboredo, ainda antes de a mesma ser adquirida pela Associação Cultural, actividade que retomaria posteriormente. Entretanto, ia escrevendo também para a imprensa regional.
Poeta inspirado, deixou-nos um livro de poemas intitulado "Relógio de Bolso" (editado em 1999), em que evoca, entre outros temas, aspectos da vida moncorvense, de que recordamos aquele extraordinário poema dedicado à praça, nos anos 70.
Além do seu problema de saúde e amargurado pela perda de sua esposa, Drª Lourdes Girão, em Novembro de 2009, o Dr. Girão não aguentou mais, deixando também ele de passear nesta praça da Vida...

A seus filhos João e José e a toda a família enlutada, os nossos sentidos pêsames.
O funeral realiza-se hoje pelas 17:00 horas, na igreja matriz de Torre de Moncorvo, dirigindo-se depois em cortejo fúnebre até ao cemitério do Felgar, onde ficará em companhia de seu pai e esposa.
Na foto: Dr. Girão declamando um poema de sua autoria no Museu do Ferro/Moncorvo, em 2007.

3 comentários:

Anónimo disse...

achei muito bem que tivesse feito esta homenagem ao dr girao e gostaria de fazer um pequeno reparo.o dr girao ficara no cemiterio do felgar na companhia de sua esposa e do seu pai,nao dos seus pais porque a sua mae ainda e viva

MendoCorvo disse...

Agradecemos a informação do anónimo anterior e já efectuámos a correcção.
Ainda em jeito de Homenagem, respigamos este seu "Pedido", retirado do livro “Relógio de Bolso” (1999), p. 51-51:
"Não, não é delírio de louco
embora falte bem pouco
p'ras vezes aí me encaixar.
É pedido de condenado
à morte sempre adiada
que me há-de vir buscar.
Natural ou provocada,
É só questão d'algum tempo
tudo a pode ou não chamar.
Mais cedo, ou mais tarde um dia,
não deixará de chegar,
já que a natural espreita
e a outra, depressa vem.
Eu só pedia,
pedido de condenado
que ao desterro foi votado
no mais completo segredo
p'la mão fria do carrasco
que teimou em me matar,
Eu só queria,
poder saber o motivo
de tal sentença cruel
tão cedo na vida ditada,
sem sequer ter sido ouvido".

Neste momento Saudade, vale a pena reler este livro, em tão bem se (pres)sente a inquietude do Autor, em versos por vezes acutilantes, outras, sombrios e melancólicos, mas sempre inspirados. O fado (fatum) que poeticamente descreve, casava-se assim, em perfeita complementaridade, com o Fado que sua saudosa Esposa, Drª. Lourdes, tão bem cantava, num perfeito matrimónio artístico, como duas faces de uma mesma moeda. A partida de ambos, deixa-nos seguramente mais pobres.

Júlia Ribeiro disse...

Aos filhos João e José e demais Família, os meus sentidos pêsames.

Júlia Ribeiro