Vista geral do exterior do lagar da cera E ainda no seguimento dos
posts anteriores, por se falar em abelhas e em mel, é preciso ainda não esquecer outro derivado da actividade apícola: a cera.
Para mais, existe no concelho de Moncorvo uma raridade que é um lagar comunitário onde se fazia cera (sem ser em sentido figurado, pois que aí se trabalhava a sério e se suavam bem as estopinhas). Esta estrutura está já desactivada há um bom par de anos, e há ideias para a sua recuperação, o que vivamente desejamos.
A Srª. Cândida Carriça explica como funcionava o lagar.
Noutros tempos viviam em Felgueiras inúmeras famílias de cereeiros que recolhiam a cera junto dos apicultores das redondezas e a derretiam no lagar comunitário. Depois levavam os "lingotes" de cera (a que chamavam "pães") para suas casas, onde em oficinas improvisadas a reduziam a velas ou círios, para as igrejas ou para a a iluminação das casas mais ricas (os pobres usavam mais a candeia de azeite ou "pitróil").
Oficina das velas do Sr. Acácio Mendes
As velas saíam de uma roda onde se penduravam os pavios, sobre os quais se vertia a cera líquida - aparada em baixo por um tacho de cobre. A operação era repetida até se ter a espessura desejada (da vela ou do círio).
O Sr. Acácio (ti Fachico), um dos últimos cereeiros.
Um dos últimos cereeiros de Felgueiras é o Sr. Acácio Mendes, homem de "sete ofícios", já reformado, mas que conserva a sua oficina e explica como se fazia.
Alguns círios ainda pendurados na velha oficina do Sr. Acácio
A produção era vendida num raio de acção bastante alargado, directamente para as igrejas ou santuários, ou a pessoas que pagavam promessas em cera (não só velas e círios, mas também ex-votos).
Txt. e fotos: Nelson Campos