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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Museu do Ferro & da Região de Moncorvo (parceria Município de Torre de Moncorvo /PARM) continua a promover esta antiga actividade, hoje quase caída em desuso: partir (ou "escachar") amêndoa - se ainda é desses bons velhos tempos, aproveite para matar saudades! - se nunca viu como era, esta é uma boa ocasião para experimentar!
No final, também como era costume, é servida aos participantes uma merenda de produtos regionais.
A iniciativa conta com o patrocínio do comércio local e é abrilhantada pela Tuna da Lousa.
É já no próximo sábado, à tarde (dia 27 de Outubro), mas com inscrições até sexta-feira, ao fim da tarde, para o nº. 279 252 724.

Ver mais: http://www.torredemoncorvo.pt/ix-partidela-tradicional-da-am-ndoa

E ainda sobre o tema da Amêndoa e da Amendoeira, numa abordagem mais alargada, informamos que se realiza um importante seminário, no próximo dia 26, sexta-feira, em Torre de Moncorvo - ver aqui:
http://www.torredemoncorvo.pt/torre-de-moncorvo-acolhe-seminario-sobre-a-amendoa

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Apresentação do livro "O último Oleiro", de António Duque

(clicar na imagem para AMPLIAR)

No próximo sábado, dia 20 de Agosto, por ocasião da festa de Senhora do Amparo, pelas 21;30h, será feita a apresentação do livro de António Rómulo Duque (Toninho Duque, para os amigos).
Este trabalho é resultado do convívio do autor com aquele que se considera ser o último oleiro do Felgar, o Sr. António Rebouta (mais conhecido por ti Roberto), falecido em 1987. António Duque aprendeu com ele as artes do barro e chegou a montar uma roda de oleiro em sua casa, tendo ajudado o velho oleiro na elaboração da sua última fornada. Aproveita o autor para relatar aqui as suas vivências na terra natal, referindo outros oleiros e, mais recentemente, o seu contacto com o Museu de Olaria (Barcelos), onde se encontra a mais relevante colecção de peças de barro do Felgar.
Esperamos que este contributo, depois dos trabalhos de Adriano Vasco Rodrigus, Maria da Graça Freitas/Manuel M. Macedo, N. Rebanda/Miguel Rodrigues e, mais recentemente, Liliana Reis, possa constituir mais uma achega para um núcleo museológico dedicado às Artes Cerâmicas do Felgar, que desde há anos vimos defendendo.
Sobre o autor, António Rómulo Duque, é, como dissemos, natural do Felgar, embora se encontre presentemente a trabalhar e a residir em Braga. Tendo seguido o destino de tantos jovens sem possibilidades económicas, começou a trabalhar muito cedo como empregado comercial em Moncorvo, mas o seu engenho e arte viria a revelar-se no campo da electrónica, de modo auto-didacta, tendo chegado a construir um emissor artesanal, na fase da febre das "rádios piratas", com que inaugurou a Rádio Felgar em 1988. Posteriormente foi responsável da parte técnica da RTM (Rádio Torre de Moncorvo), tendo fornecido equipamentos e montado o posto retransmissor desta rádio na serra do Roborêdo.

Sempre ligado à electrónica, com diversas formações na área, uma delas com estágio na Alemanha, aquando da integração nos quadros de uma multinacional alemã em Braga, como técnico de electrónica no apoio à produção.
Homem dinâmico, Rómulo Duque foi co-fundador de associações (p. exemplo Associação Cultural do Felgar e Associação de Técnicos de Electrónica em Braga), sindicalista, aprendeu olaria, plantou árvores, é pai de filhos (nomeadamente do jovem musico Diogo Encarnação Duque),pelo que só lhe faltava mesmo escrever um livro!
Desde já os nossos parabéns ao amigo Toninho Duque por mais esta ousadia!

Para aquisição do livro e demais informação, consultar:

http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/o-ultimo-oleiro/9789899734104/e http://blogue.sitiodolivro.pt/2011/07/05/o-ultimo-oleiro/

Txt. de N.Campos

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Passeio da Pascoela foi adiado!

INFORMAM-SE TODOS OS INTERESSADOS, QUE A ORGANIZAÇÃO DECIDIU HOJE DE MANHÃ, ADIAR ESTE PASSEIO, FACE À AMEAÇA DE CONTINUAÇÃO DO MAU TEMPO, FICANDO A SUA REALIZAÇÃO PREVISTA, EM PRINCÍPIO, PARA O PRÓXIMO SÁBADO.
CONTANDO COM A COMPREENSÃO DE TODOS, A ORGANIZAÇÃO ESPERA QUE NÃO DESMOBILIZEM E COMPAREÇAM NO PRÓXIMO SÁBADO, DIA 8 DE MAIO!
A Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo, com a colaboração do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo e, por inerência, do município de Torre de Moncorvo e associação do PARM, promovem mais uma edição do passeio da Pascoela, com intuito de recuperar uma velha tradição que consistia no convívio das famílias que na segunda-feira da Pascoela iam desfazer o folar à vetusta capela de N. Sª. da Esperança (ou à Senhora da Teixeira). Com a alteração dos hábitos de trabalho, sendo impossível a participação de muitas pessoas que trabalham de segunda a sexta, a tradição caíu em desuso, mas desde há 3 anos a esta parte, tem-se procurado recriar este costume, embora colocando-o no fim-de-semana que precede a "Segunda da Pascoela".

Do programa consta a habitual caminhada pedestre pelo caminho antigo - com "juntadouro" defronte do cine-teatro, na avenida Engº Duarte Pacheco, nesta vila, às 14;30h [DO DIA 8 DE MAIO]

Uma vez chegados, os participantes poderão visitar a capela, que se encontrará aberta a todos, e depois praticar alguns jogos populares no adro, antes da merenda que inclui, obviamente, o tradicional folar.

A participação é livre e gratuita, bastando comparecer, à hora marcada, no local indicado (defronte do Cine-teatro ou da Junta de Freguesia de Moncorvo).

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A EXTINTA CULTURA DO SUMAGRE EM TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO IV

5 – Património sumagreiro
5.1 – Atafonas existentes e sua preservação

Atafonas são os moinhos onde se processava a redução da folhagem do sumagre a pó, para posterior comercialização. Sabemos de algumas poucas atafonas que, embora em semi-ruína, ainda existem na nossa região transmontano-duriense, uma em Avarenta, no concelho de Valpaços, outra em Vale de Figueira, no concelho de S. João da Pesqueira - esta muito curiosa por ter a base em xisto - e ainda uma terceira em Muxagata, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, que é a que está melhor conservada,apesar de instalada num casinhoto de xisto transformado em loja de gado onde cosbitam dois cães,uma mula e meia dúzia de pombas...Há registos da existência nos anos vinte do século passado de cinco atafonas ainda a funcionar no concelho de Foz-Coa, uma na freguesia de Mós e de quatro na própria vila. A referida freguesia de Mós era, à semelhança de Avarenta, de Tinalhas e de outras terras do nosso país, conhecida como terra de sumagreiros e uma crónica do século XVIII de um fidalgo desta terra D. Joaquim de Azevedo a descreve como tal: «…Mós fica em um estreito valle por onde corre um pequeno ribeiro que vem de S. Marcos e junta com outro dito Escorna Bois entre montes cheios de amendoeiras e sumagres, com boas hortas, muitas cebolas e algum pão…». Mas era nos taludes soalheiros, de solos pedregosos e pouco férteis para outras culturas, que o sumagre se instalava, como vem registado noutra excelente monografia, esta sobre os sumagreiros de Avarenta no concelho de Valpaços, da autoria do Dr. Adérito Medeiros Freitas: «…Além dos sumagres espontâneos que abundam no monte baldio e nas ladeiras incultas, por entre o fragoedo, havia muitos sumagres plantados por estaca, nas ladeiras mais pobres de húmus…». Nesta aldeia de Avarenta a atafona está devidamente referenciada por este autor e o município de Valpaços está atento a este raro património, mas é possível que outras existam na região transmontano-duriense, deixando aos leitores esse desafio. Estas atafonas podem confundir-se com os antigos lagares de azeite, dada a semelhança da mó de granito – geralmente apenas uma – e com um eixo central que é um tronco de madeira que permitia rodá-la sobre um pio geralmente também em granito - em Vale de Figueira este pio foi feito com lajes de xisto - sendo essa grande roda puxada a força de animal, muar ou bovino. As folhagens do sumagre eram previamente secas ao sol e depois batidas com uns manguais para ficarem em pequenos pedaços que posteriormente eram moídos nas referidas atafonas, ficando reduzido a um pó que era ensacado e encaminhado para o comércio.


Atafona de Muxagata - V.N. Foz Côa.

Atafona de Vale de Figueira - S. João da Pesqueira.


5.2 – Associação cultural ligada ao sumagre

Curiosamente – e como grande exemplo para nós transmontanos e durienses – é na Beira Interior, numa povoação de forte tradição sumagreira denominada Tinalhas, no concelho de Castelo Branco, que se organizou no ano 2000 uma agremiação cultural ligada ao seu passado sumagreiro: « SUMAGRE - Associação de Dinamização e Salvaguarda Patrimonial ».

5.3 - Publicações

Em Trás-os-Montes a única referência que conheço é o título do Boletim da Junta de Freguesia de Argoselo, no concelho de Vimioso que tem como título « Sumagre », o que dá ideia da consciência que os habitantes de Argoselo têm do seu forte passado peliqueiro e sumagreiro.
Nota: Deixo o meu agradecimento ao Sr. Dr. Adérito Freitas pela cedência de uma foto e um desenho. Bem haja.

Bibliografia

Adérito Medeiros Freitas – 2006 – « Os sumagreiros de Avarenta – cultura,colheita, transformação e exportação do sumagre » - Edição da Câmara Municipal de Valpaços.
Artur Carrilho – 1940 – « Ainda o sumagre » - artigo na revista « Gazeta das Aldeias »
Francisco Ribeiro da Silva – 2001 – « Porto e Ribadouro no século XVII – a complementaridade imposta pela natureza » - artigo na « Revista da Faculdade de Letras »

JOSÉ ALVES RIBEIRO

sábado, 13 de novembro de 2010

Maçores - festa de S. Martinho, hoje e amanhã

Bebendo da caldeira, de bruços, como mandava a tradição (foto de A.Basaloco)

Porque o dia de S. Martinho (11 de Novº.) foi quinta-feira, dia de trabalho para a maioria das pessoas, os dias principais da festa maçorana transitam para hoje e amanhã. Assim, é hoje que se realiza o magusto nas Eiras (à tarde) e a "procissão" do caldeiro do vinho do povo, fogo de artifício e animação musical (à noite) - ver Cartaz editado neste blog em 3.11.2010.
Para quem queira saber algo mais sobre Maçores recomendamos a leitura excelente monografia, de autoria da Doutora Ilda Fernandes, natural desta aldeia, intitulada: "Maçores, minha terra, minha gente" (edição da CMTM, 2003). Sobre esta festividade, diz a autora:

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“A festa de S. Martinho realiza-se em 11 de Novembro e é uma festa imbuída de grande originalidade, onde o sacro e o profano se misturam e completam numa simbiose perfeita.

A festa inicia-se no dia anterior à tardinha com a chegada do gaiteiro, dantes vinha dos lados de Miranda que com os jovens que o esperavam davam volta ao povoado a tocar gaita de foles e cantar cantigas características desta festividade.

No seu dia durante a manhã predomina a vertente religiosa com celebração eucarística e procissão onde impera o andor com a imagem do nobre santo.

É o poço de Maçores a festejar o seu orago.

Durante a tarde faz-se uma espécie de arraial e arrematação na rua Nova.

Entretanto os jovens e mordomos fazem nas eiras comunitárias um mega-magusto. Após serem assadas e ensacadas as castanhas enche-se uma caldeira com vinho e percorrem o povoado a distribuir os bilhós e vinho que é bebido pela caldeira, como manda a tradição.”

Capa do livro da maçorana Ilda Fernandes
É ainda Ilda Fernandes que nos diz que "durante o dia festivo, grupos do sexo masculino acompanhados do gaiteiro e ultimamente também pelo acordeão dão inúmeras voltas ao povoado a cantar cantigas próprias desta festividade" com destaque para "Era o vinho" e "Manuel Duarte".
Aqui fica a letra destas cantigas, enviadas pelo nosso amigo Filipe Camelo:
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Era o Vinho:

I

Era o vinho, meu Deus era o vinho

era a coisa que eu mais adorava

(bis)

Só por morte meu Deus só por morte

Só por morte o vinho deixava

(bis)

II

Ai eu hei-de morrer numa adega

Ai que o tonel seja o caixão

(bis)

O vinho seja a mortalha

Hei-de morrer com um copo na mão

(bis)

III

Ai minha sogra morreu ontem

Ai o diabo vá com ela

(bis)

Ai deixou-me as chaves da adega

Mas o vinho, bebeu-o ela.

(bis)

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Manuel Duarte:

I

Ai adeus ó Manuel Duarte

Ai amigo e companheiro

(bis)

Ai "alevanta-te" e vem comigo

Ai lá p´ró Rio de Janeiro

(bis)

Refrão

Manuel Duarte, foi p´ró Brasil

Chegou ao Porto e tornou a vir

Manuel Duarte, não embarcou

Foi o ingaije que o ingaijou

II

Ai adeus Manuel Duarte

Ai amigo e camarada

(bis)

Ai "alevanta-te" e vem comigo

vamos os dois seguir esta jornada

(bis)

Refrão

III

Ai cinco folhas tem o vime

Ai cinco amores tenho eu

(bis)

Ai quem gosta de mim são elas

Ai quem gosta delas, sou eu

(bis)

Refrão

Vídeos sobre a festa: www.youtube.com/filipemacores

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Agradecemos a Filipe Camelo as informações prestadas.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vem aí o S. Martinho de Maçores!

Para falar das festas de S. Martinho de Maçores, que se iniciam no próximo dia 11 de Novembro, nada melhor do que dar a palavra a um maçorano, o nosso Amigo e ilustre gaiteiro Filipe Camelo, a quem agradecemos a seguinte descrição, respigada do fórum de Maçores (www.macores.pt.vu):

Para quem não sabe, em Maçores celebra-se o S. Martinho, que é o orago da freguesia. Esta festa, que se realiza a 11 de Novembro, tem uma das tradições mais simpáticas deste país, pois não conheço lugar algum, onde o convívio seja tão animado. Esta tradição assenta no seguinte:

O GAITEIRO

O gaiteiro, é uma pessoa que toca gaita-de-foles. Então, na manhã do dia 11 de Novembro, está à entrada da aldeia, um grupo de homens que aguarda a sua chegada e a anuncia com fogo de artificio, afim de transmitir à restante população.

Após a recepção e familiarizado o gaiteiro, vão-lhe ser ensinadas as cantigas da aldeia. Caso o gaiteiro já cá estivesse em anos anteriores, pois esta lição nada mais é do que uma recapitulação, onde numa simples volta a recordará. Mas o pior, é quando o gaiteiro é novo, que nunca ouviu as músicas da terra. Este mais esforço e empenho requer para aprender. Então os homens presentes, cantam as cantigas do S. Martinho para afinar e levar ao compasso desejado o artista.

O CORO

O coro, assim por mim designado, é um grupo de homens, expontâneo, não constituído anteriormente, normalmente homens de Maçores, que sabem, as musicas da festa e que ao som da gaita de foles, entoam os hinos locais, em vozes graves, em compasso lento, arrastado e em muitas vezes, descoordenado.

O coro, acompanha quase sempre o gaiteiro, sendo excepção a procissão, e a caldeira pelas ruas da freguesia. Neste coro, não existe um mínimo nem máximo de elementos, participando nele, todos quantos queiram acompanhar a caldeira e o gaiteiro.

A CALDEIRA

A caldeira é um recipiente metálico, de forma cilíndrica estanque e construído de material zincado. Tem uma asa ou alça metálica, fixa e arredondada. É usada frequentemente, nos meios rurais com o objectivo de cozer os alimentos (nabiças, nabos, batatas,) para o gado muar e asinino.

Em Maçores, a caldeira vai ser um objecto fundamental nas festas de S. Martinho, porque nela é que irá ser depositado esse liquido que neste dia se prova, como diz o velho ditado: " No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho."

O ENCHER E O BEBER DA CALDEIRA

Como já se referiu, a caldeira vai ser o contentor do vinho. Então, dois homens, com a ajuda de um pau ou vara, segurando cada um nas extremidades, vão colocar a vara de madeira, pelo interior da alça e transporta-la pelas artérias da aldeia, enquanto que seguem á sua rectaguarda, o coro de homens e o gaiteiro.

Pronta então esta formação, dá-se início ao enchimento da caldeira. Assim, este grupo, desloca-se pela aldeia fora, com a finalidade de encher a caldeira nas adegas dos produtores de vinho locais, que pouco a pouco, a vão atestando. Sempre nestas deslocações, a caldeira é acompanhada pelo coro e pelo gaiteiro.

Engraçada é, a forma de como se deve beber, segundo a tradição, pela caldeira. Então, a caldeira é colocada no solo. O que nela for beber, terá de colocar os joelhos no chão e inclinar-se sobre ela, introduzindo no interior do aro superior a cabeça e no cimo do vinho os lábios e pelo método da sucção, aspira o liquido. Desta forma, e como se diz por cá, "beba, que não beba, mergulhar, vai ter que mergulhar".Quer isto dizer, que pelo menos, tem que por os lábios no vinho.

O MAGUSTO

O magusto realiza-se depois da eucaristia e da procissão. As pessoas que querem participar reunem-se, normalmente no Lugar da Eiras, por ser um espaço tranquilo, óptimo para este tipo de convívio. Então são trazidas as castanhas e a palha que servirá para as assar. Esta última é espalhada no chão e as castanhas espalhadas sobre a palha. Incendeia-se e começa-se o assar das castanhas.

Logo que as primeiras castanhas estejam assadas, os participantes, aproximam-se do extinta fogueira e retiram-nas, consumindo-as em livre associação e feliz convívio entre todos até que se acabem as castanhas, fazendo, portanto, mais fogueiras. Durante o magusto, está presente a caldeira e o gaiteiro. A caldeira, desta vez, está colocada no chão, disponível para qualquer pessoa que queira beber. O gaiteiro, toca as musicas que conhece, tendo que, mais frequentemente, tocar as musicas do S. Martinho, acompanhadas pelos homens que formam o coro.

Assim que haja cinzas resultantes da queima da palha, as pessoas, sujam propositadamente as mãos, de modo a ficarem negras, para depois, as irem a esfregar nas caras das pessoas que estão presentes. Ora, com isto, levamos a um convívio, onde todas as pessoas estão de igual, com as caras sujas do carvão, levando-as a designar por já terem a cara "enfarruscada" ou "enfurretada".

Por fim e para aquelas pessoas que não puderam estar presentes no magusto, assam-se castanhas, que depois são introduzidas em sacos e os homens transportam-nos ao ombro, pelas ruas de Maçores e que vão distribuindo e dividindo pelas pessoas que se abeirarem. Recordo, mesmo nesta distribuição, a caldeira e o gaiteiro estão presentes, podendo desta maneira, as pessoas que não fossem ao magusto, ver a caldeira e ouvir as nossas melodias ao som da gaita-de-foles e do coro masculino.

  • Ver mais em: www.macores.pt.vu
  • Nota: Brevemente postaremos alguns trechos do cancioneiro de Maçores.

Portanto não se esqueçam: as festas de S. Martinho de Maçores são já para a semana!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

VII Partidela Tradicional da Amêndoa, recriada no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo

(clicar sobre o cartaz para ampliar)


Conforme anunciado no cartaz, realiza-se no próximo sábado, dia 23, pelas 15;30h, a VIIª Partidela Tradicional da Amêndoa.
Esta actividade realizava-se por esta altura do ano e decorria até ao Natal (e às vezes mais, no caso de maiores produtores), sendo realizada ao serão, normalmente em sistema de entre-ajuda (só os grandes proprietários pagavam jeiras às partideiras). Era um momento de convívio entre jovens pessoas de todas as idades e uma oportunidade para os rapazes se aproximarem das raparigas que "tinham debaixo de olho", já que as ocasiões de namoro, especialmente à noite, não eram muitas. Outros tempos!
Com o decréscimo da produção da amêndoa e a maquinização desta actividade, desde há cerca de 30 anos que esta tradição, característica da chamada "Terra Quente Trasmontana" (zona mais próxima do Douro Superior) entrou em decadência, para a qual também concorreu a televisão com as suas telenovelas. Os serões deixaram de ser momentos de amena cavaqueira, ao pé do lume, a escachar amêndoa, e passaram a orientar-se para o caixote das imagens, com menos conversa e menos actividade produtiva...
Se quiser saber como era, participe! É no próximo Sábado no auditório do Museu, estando prevista uma actuação da Tuna Popular Lousense e uma merenda no final, como era da praxe.

Esta actividade é organizada pelo município de Torre de Moncorvo e pelo PARM, contando com diversos patrocinadores, institucionais e comércio local, além dos Lares e Centros de dia do concelho.

Ver mais: http://www.torredemoncorvo.pt/vii-partidela-tradicional-de-am-ndoa e http://parm-moncorvo.blogspot.com/2010/10/vii-partidela-tradicional-da-amendoa.html

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Passeio da Pascoela à Senhora da Esperança (Torre de Moncorvo)

"Depois da Páscoa [na segunda-feira da oitava da Páscoa], muitos habitantes de Torre de Moncorvo deslocavam-se, a pé, até à Senhora da Esperança, mas, sobretudo, à Senhora da Teixeira [Sequeiros, Açoreira], carregados com os seus farnéis". - Padre Joaquim M. Rebelo, A terra trasmontana e duriense, ed. Câmara Municipal de Torre de Moncorvo/Associação Cultural de Torre de Moncorvo, 1995.

Esta tradição foi progressivamente caindo no esquecimento até que há dois anos, em 2008, a Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo a resolveu retomar, com bastante sucesso. Apesar de muitos participantes (sobretudo os mais idosos) se deslocarem de transporte colectivo disponibilizado para o efeito, alguns caminheiros continuam a utilizar o velho caminho medieval, desde as Aveleiras até ao Cuco.
Grupo de caminheiras, pelo caminho velho, com a vila em pano de fundo.

Aproximação à capela de Nossa Senhora da Esperança - não seria possível enterrar os inestéticos cabos eléctricos e telefónicos que desfeiteiam a paisagem?

Momento de devoção. A capela-mor é resguardada por uma grade e um arco de estrutura românica.

Altar principal da capela, com a Senhora amamentando o Filho, com Esperança na redenção do mundo...

Hora da merenda, vendo-se os folares e outras iguarias oferecidas pela Junta de Freguesia.

Ao fundo, a Presidente da Junta, Milú Pontes, não dá mãos a medir - e em primeiro plano, à direita, até um turista francês provou do nosso "fromage tarrinchô"

Um pórtico ainda de inspiração gótica sob o rústico alpendre que seguramente albergou milhares de viandantes e outros tantos devotos moncorvenses, ao longo dos séculos...
(Fotos de N.Campos)

Um sábado cultural com "Trigo dos Pardais" (livro) e "Raiz de brinquedo" (exposição)

Abertura da sessão, pelo Sr. Presidente da Câmara (foto de João Pinto V. Costa)

Sábado, 10 de Abril, pelas 15;00h, decorreu no auditório da Biblioteca Municipal a apresentação do livro livro há muito esperado, "O Trigo dos Pardais" de autoria da nossa conterrânea e colaboradora do blogue, Doutora Isabel Mateus. Abriu a sessão o Sr. Presidente da Câmara, Engº. Aires Ferreira, elogiando o trabalho da autora, após o que passou a palavra à Doutora Assunção Anes Morais, autora do prefácio do livro.

A Drª. Assunção Anes fazendo a apresentação da autora e da obra (foto de João Pinto V. Costa)

Maria da Assunção Anes Morais é professora em Vila Real, sendo especialista na obra de Miguel Torga, um elo comum que a liga a Isabel Fidalgo Mateus, uma vez que ambas elaboraram as suas dissertações académicas em torna da obra daquele eminente escritor trasmontano. No caso de Isabel Mateus, quer em "Outros Contos da Montanha" (o seu livro anterior) quer agora em "O trigo dos pardais", tal como em Torga, é bem patente o telúrico apelo às raízes e ao "rincão sagrado". Como referiu a apresentadora, neste último trabalho perpassam, através dos contos evocativos das brincadeiras da infância (jogos populares infantis) muitos outros aspectos, como sejam a arquitectura rural, as ervas medicinais, a vida campestre associada à terra, aos animais (domésticos ou silvestres, como a raposa, o lobo, os ouriços cacheiros, os texugos) ou as árvores. Ressaltou a mensagem ecológica e o apelo à preservação do património cultural e natural que está subjacente à obra, terminando a sua intervenção dizendo que este livro, "O Trigo dos Pardais" convida-nos a passear pelos montes!"

Capa do livro e dobra lateral com biografia da autora

No uso da palavra, Isabel Fidalgo Mateus começou por explicar o título do livro, dizendo que se baseia no aforismo popular segundo o qual o primeiro trigo é sempre para os pardais, aves cosmopolitas que tanto se encontram em meio rural como urbano, e que afoitamente se introduzem no meio das galinhas para roubarem o trigo que podem. Mas aqui também se podem associar os pardais às crianças ladinas, que no meio rural de outros tempos criavam os seus próprios brinquedos e aprendiam os seus jogos com os mais velhos, normalmente passados de geração em geração. Aproveitou para referir que foi neste sentido que fez questão de associar à apresentação do seu livro uma exposição do Dr. João Pinto V. Costa (também nosso colega de blogue e matrimoniado no concelho de Torre de Moncorvo), a qual é composta por inúmeros brinquedos de madeira e confeccionados com elementos vegetais.
A complementar a intervenção, a autora mostrou numa apresentação em Powerpoint uma série de imagens das Quintas do Corisco, terra de sua naturalidade, algures do outro lado da serra do Roboredo, na freguesia de Felgueiras, o cenário idílico dos seus contos.
Foram ainda feitos os agradecimentos a todas as pessoas e entidades que tornaram possível esta edição. Destacamos a capa e as primorosas ilustrações de autoria de Cristina Borges Rocha.
Entre escritas: a autora escrevendo uma dedicatória ao ilustre escritor Professor Rentes de Carvalho (foto de João P. V. Costa)

No final, houve a inevitável sessão de autógrafos, encontrando-se entre o numeroso público o ilustre escritor Rentes de Carvalho que, tal como Isabel Mateus, é um "emigrante" que procura nas suas raízes a substância da expressão literária, revelando igual apego a estas fragas, na exacta medida do tempo e da distância em que permanecem "fora". Duas gerações de escritores trasmontanos no exterior, mas que não se conseguem desligar do tal "rincão".

Exposição "Raiz de Brinquedo" no Centro de Memória (foto de João Pinto V. Costa)

Depois de um beberete nos jardins da Biblioteca, foi inaugurada a exposição "Raíz de Brinquedo", de autoria de João Pinto V. Costa, na sala de exposições do Centro de Memória. O autor, sendo natural de Alpendorada (concelho de Marco de Canaveses) casou com uma moncorvense de Sequeiros (Açoreira), o que o levou a descobrir, desde há muito, quer as paisagens, quer a cultura popular da nossa região. Para mais, sendo professor em Vila Real, podemos dizer que Trás-os-Montes lhe está na alma. Além de docente, João Pinto é autor de alguns livros, de que se destaca "Flora de brincadeiras", que é uma espécie de catálogo dos trabalhos manuais que executa como "hobby", tendo como objectivo reproduzir antigos brinquedos/brincadeiras que se faziam para os garotos. Nesse afão, acaba mesmo por criar novos brinquedos, tirando sempre partido de elementos vegetais, em que a madeira também se inclui.
Outro aspecto da exposição (foto de João Pinto V. Costa)

Como escreveu Agostinho Chaves (in Mensagens Aguilarenses, 9/12/2008), citado no folheto que enquadra a exposição: "os brinquedos que João Pinto Vieira da Costa constrói são eternos. Quando não havia legos, nem consolas, nem sequer a 'Chicco' nem a 'Toys 'r Us' ou a 'Centroxogo', muito menos as grandes superfícies comerciais que deliciam os olhos das crianças e dão cabo das carteiras dos papás, as crianças brincavam muito mais, de forma mais divertida, por improvisada e criativa. Os seus brinquedos eram feitos do que havia: uma casca de noz, um vime, uma rolha de cortiça, uma carica, o canoco de um milheiro, uma raiz, a vareta de um guarda chuva desfeito pelo vento, uma pinha, um botão velho, um pedaço de arame, um arco de pipa velha abandonada, um ramos de árvore em Y, até uma meia em desuso que era cheia de palha e cozida na ponta, fazendo uma bola com que se jogava futebol. // Não admira que essas práticas (como a generalidade dos jogos populares) tivessem desaparecido, no avançar dos tempos em que o consumo cresceu e tomou conta de nós, através de cada vez mais atraentes e agressivas campanhas de 'marketing' e de publicidade" (...)

Um helicóptero feito com uma cabaça (foto de João Pinto V. Costa)
Esta exposição fica patente até ao mês de Maio - a não perder!!!
De caminho, é obrigatória a leitura do "Trigo dos Pardais", pois assim poderá o leitor entrar melhor no espírito da exposição.
Fica a proposta.

domingo, 11 de abril de 2010

Passeio da Pascoela - é hoje!!

Retomando uma velha tradição moncorvense, em boa hora reactivada pela Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo, vai voltar a realizar-se hoje o Passeio da Pascoela, com concentração de todos os interessados defronte do cine-teatro, pelas 14;30h, para os caminheiros que pretendam seguir a pé (o que se recomenda, pois assim era antigamente e o bom tempo convida), o trajecto passará pelo velho caminho das Aveleiras (por cima da Estrada Nacional 220) até à estrada da Açoreira e daqui até ao adro da Senhora da Esperança. Aqui, depois da visita à capela, as pessoas poderão participar num torneio de jogos populares, com merenda e convívio no final.
Como se sabe, noutros tempos, este costume, em que as pessoas iam pelos campos em jornada de peregrinação e convívio, entre amigos e em família, desfazendo o folar e folgando, acontecia na segunda-feira da Pascoela. Ainda em Freixo de Espada-à-Cinta (ou em Espanha, como por exemplo em Salamanca) assim é. Só que isto era quando as pessoas ainda eram um pouco donas do seu próprio tempo. Hoje, as leis ditadas pelo centralismo obrigam ao trabalho neste dia, razão pela qual este tipo de convívios ou desapareceram, ou recuaram no calendário.
Em Felgueiras, por exemplo, a festa dos folares na Santa Marinha fez-se no sábado. Em Torre de Moncorvo, depois de ter desaparecido, retomou-se agora ao domingo. Valha-nos que em Urros parece que a festa da Pascoela ainda se vai fazer na segunda-feira, ao que nos disseram!
Bem, importante mesmo é que este convívio que metia muito de celebração da Mãe-Natureza e da Primavera, dando bençãos para que a nova colheita fosse propícia, não se perca de todo.
Por isso, mais logo, não se esqueçam: todos à Senhora da Esperança, esperando um tempo melhor, de maior fartura em tempos de crise!...
- N.Campos

Para ver como foi no ano anterior, clicar sobre os seguintes links:

http://parm-moncorvo.blogspot.com/2009/04/passeio-da-pascoela-para-desfazer-o.html

http://parm-moncorvo.blogspot.com/2009/04/pascoela-na-senhora-da-esperanca.html