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terça-feira, 8 de junho de 2010

A "Cabeça Santa" da capela de Santo Cristo (Torre de Moncorvo)

Ainda a propósito da igreja (depois capela) de Santo Cristo (mencionada no "post" anterior), contava-se, em tempos que já lá vão, uma curiosa lenda de um crâneo milagroso - a "cabeça Santa". Outra versão da lenda relaciona-a com a capela de Senhora da Teixeira (Sequeiros). A versão da capela de Santo Cristo é referida por Campos Monteiro, na novela "A tragédia de um coração simples", in Versos fora de moda, 1ª. ed. 1933:

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«Dionísio acercou-se da janela e respondeu:
- Cai só um molinheiro. Já lá vai a trovoada. Foi alguma de vocês que rezou à Santa Bárbara.
- Ou à Santa Cabeça, que era também de muita fé nas trovoadas.
- A Santa Cabeça, já ninguém se lembra dela.
A ti'Ana asseverou que se recordava ainda de a ver no altar-mór da capela do Santo Cristo. Era uma caveira muito alva, muito limpinha, que metia medo a mirar a gente com as órbitas vazias e a rir com os finos maxilares, onde não faltava um único dente. - Pois se era de um rapaz de vinte anos... - explicou a mulher do feitor.
- Assim diziam. Que era novo, não há dúvida. E bem desgraçado foi!»

[ler o resto na obra citada]

segunda-feira, 8 de março de 2010

LENDA DAS AMENDOEIRAS numa versão original "do lado de lá"

Encontrámos no blogue “La bodega de La Solana” (Mazueco de la Ribera, Salamanca), um post do nosso Amigo Ángel Garcia, em que publica um extraordinário poema baseado na Lenda das Amendoeiras, de autoria de um certo Marquês de Los Mojones, que ambos muito bem conhecemos. Ao que sabemos foi publicado pela primeira vez no jornal Mensageiro de Bragança, em 31.03.2000, na sua língua original, com uma tradução em português por H. de Campos.

Para se ver a versão em castelhano, clicar em: http://labodegadelasolana.blogspot.com/2010/02/la-flor-del-almendro-y-unos-amigos.html

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Aqui fica a tradução:

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“Existe uma lenda em Portugal, originária do Algarve mas estendida por todo o país vizinho, que mistura o amor e as amendoeiras.

Comenta-se nela que um sultão das mourarias casou com uma donzela do Norte. A esta custava-lhe a adaptar-se à cor dos campos do Sul de Portugal até que… por fim, a lenda.

Esta é uma adaptação que dela fez o Marquês dos Mojones, há cerca de uma década, pensando na zona trasmontana e dedicada aos amigos do lado de lá.

LENDA DAS AMENDOEIRAS

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Grande é o risco que corres

Flor de amendoeira, a primeira,

Que com teu amanhecer temporão

Anuncias a Primavera.

Comenta uma lenda em Portugal

Que uma loira casou com um Sultão.

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Divisas do teu miradouro

Escarpada no outeiro

As terras de Trás-os-Montes

Da outra margem do Douro.

Nórdica ela de pais cristãos

A tez branca de campos nevados.

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Trás-os-Montes portugueses

Ladeiras de azeite e vinho

De amendoeiras e laranjais

De corações amigos.

Triste a princesa sempre estava

No seu novo país nunca nevava.

Flor de amendoeira flor de um dia

Flor de delicado aroma

Flor de amendoeira flor de um dia

O Douro a teus pés assoma.

Vendo o sultão tantos soluços

Plantou uma ladeira de amendoeiras [1]

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Amendoeira que te dá a vida

Nesta zona escarpada

Bem plantada entre as vinhas

Ou do alto das penhas.

Contemplando o vale uma manhã

Um sorriso tornou à sua cara.

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Amêndoas de flor de amendoeira

Com açúcar trabalhadas

São em Moncorvo “cobertas”

Em Alba “garrapinhadas” [2]

Talvez fizesse vento nessa manhã

Que o solo cubriu de flores brancas.

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Flores que na primavera

Sacudidas pelo vento

Tornam-se flocos de neve

Branco de amor, sentimento.

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Por: Marqués de Los Mojones

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[1] “Allozos”, no original. Trata-se de um vocábulo existente no castelhano, derivado de

“al-lauza”, nome que os mouros davam às amendoeiras bravias. Não encontrámos tradução em português, pelo que preferimos traduzir por “amendoeiras”, em vez de aportuguesarmos a palavra “allozos”, a qual daria “alouços”, sem que ninguém soubesse o que era.

[2] “Almendras garrapinhadas” – tipo de amêndoa coberta com açúcar que se faz na zona da Alba, perto de Salamanca, e que se poderia traduzir por “encarapinhada”.

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Tradução e Notas: N.Campos