quinta-feira, 25 de julho de 2013

O MANCO, na terra onde nasceu

Não havia monte que não fosse trabalhado de sol a sol, que a fome espreitava em cada inverno que se aproximava, em cada dia que passava. Não faltavam braços fortes, enrijecidos pelo trabalho, a oferecerem-se pelo pão que comiam. Não havia monte abandonado. De onde em onde, os poucos pinhais existentes desenhavam trapézios de verde-escuro e, na frescura das primeiras águas do outono, inçavam sanchas, a vitela dos pinhais, que da outra não havia. Difícil, nesse tempo, era arranjar uma carga de giestas para acender o lume nos dias inverniços. Todos os montes eram esquadrinhados, não faltava quem levasse a tribunal bocas famintas por uma carga de nabiças, por um punhado de castanhas ou por umas couves colhidas sem autorização do dono para engrossar o caldo da ceia. Quando chegou à Fonte do Seixo, cansado pelo caminho ladeiroso, ele e as animálias mataram a sede na fonte de água salobra. A fonte era de chafurco e formava uma reentrância escavada num pequeno talude de terras, aprimorado por paredes de toscas pedras de granito. (...)

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