segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ante-estreia de "Deus lhe pague!", pelos Alma de Ferro - mais um sucesso!


Conforme anunciámos, realizou-se no passado dia 8, no pátio interior da Biblioteca Municipal a ante-estreia da peça "Deus lhe pague", pelo grupo de teatro amador desta vila, "Alma de Ferro". Escrita em 1932 por Joracy Camargo (1898-1973), “Deus lhe Pague” veio a ser um dos maiores êxitos da dramaturgia do Brasil. Em Lisboa foi representada, pela primeira vez, de 8 de Março a 29 de Maio no ano de 1935.


Esta peça tem um texto longo e complexo, recheada de crítica social, sobretudo à burguesia imperante que, no tempo em que a peça foi escrita, irrompia associada ao processo de industrialização brasileiro, gerando mendicidade. Os dois personagens principais são, assim, dois mendigos, em que um deles, o mendigo-filósofo (representado por Camané Ricardo) é, na verdade um falso mendigo ("eu sou riquíssimo!", afirma) que vai instruindo um novo mendigo (o Barato, papel representado por Luís Pires), ao mesmo tempo que lhe conta aspectos da sua vida. Esta versão dos Alma de Ferro contou com a adaptação e encenação de Américo Monteiro e, embora em ante-estreia, representou um dos pontos altos da já importante carreira dos Alma de Ferro. De salientar o brilhante desempenho do Camané, no papel de mendigo-filósofo, e de Luís Pires, que foi, para nós, uma revelação. Todos os restantes actores estiveram ao melhor nível, com um guarda-roupa excelente, cenários bem elaborados e jogo de luzes perfeito, num ambiente nocturno de luar e céu aberto, no palco do magnífico jardim da biblioteca municipal.

Aqui fica a reportagem fotográfica, registando alguns momentos da peça:

A cena inicial, vendo-se o numeroso público que não quis perder esta ante-estreia.
O mendigo-filósofo (Camané), procurando "instruir" o seu protegido Barata (Luís Pires) - foto de C., cedida por Camané.
Outro aspecto do diálogo dos mendigos.
Um "flash-back" em que o patrão que consegue iludir a esposa do operário (Marilú Brito), obtendo uns planos de uma prodigiosa máquina (tear) concebida pelo empregado. Este virá a ser, mais tarde, o mendigo-filósofo, que se procura desforrar da sociedade, levando-a a pagar o que ela - a sociedade - lhe deve. A esposa enganada pelas promessas de jóias e altos palácios, acaba por morrer louca.
O mendigo rico, numa das faces da sua vida dupla, apontando à nova esposa (Esperança Moreno) o caminho do futuro ao lado de um seu primo e pretendente, um jovem bancário (Paulo Medeiros).
E mais não contamos, esperando que todos os curiosos e interessados se desloquem ao teatro do Celeiro, no próximo dia 15 de Julho, para assistirem à estreia da peça nesse espaço!
As nossas felicitações ao grupo Alma de Ferro/Associação Cultural de Torre de Moncorvo, por este magnífico trabalho.

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Txt. e fotos de N.Campos (excepto a que vai indicadas, de autoria de C., enviada por Camané Ricardo, com os nossos agradecimentos)

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao Grupo de Teatro Alma de Ferro! Boa sorte para a estreia!


Isabel

P.S. Um beijinho para a Esperança.

jose albergaria disse...

Tinha eu os meus dezoito anos (contas bem feitas, tendo eu 64 anos feitos, e bem feitos, faz agora 46 anos) descobria então a grande literatura.
A russa, um bocado da nossa e, sobretudo, a brasileira.
Lembro-me, como se tivesse acontecido ontem.
Por um Sábado soalheiro, devorei, lieralmente, a peça de Camargo.
Fiquei impressionado e comovido com a sua noticia, como então comovido fiquei com a inteligência e o bem contar do autor brasileiro.
Parabéns ao Grupo Alma de Ferro por terem tido a "coragem" de se abalançarem em tal deslumbrante texto.
Para o meu amigo, aquele abraço de amizade.

Júlia Ribeiro disse...

Eh, grande Alma de Ferro! Mil parabéns e um abraço muito grande.

Júlia