Além de intervenções dos organizadores (Drs. Alberto Areosa, Teresa Leonardo, Delfina Afonso, José Brás, Olinda Brás, entre outros) e da participação de alunos e professores, foram convidados três escritores com ligações à região trasmontano-duriense, a saber: Rentes de Carvalho (natural de V. N. de Gaia, mas oriundo de Estevais de Mogadouro), António Sá Gué (natural de Carviçais, concelho de Torre de Moncorvo) e Leónida Oliveira (concelho de Lamego).
Aqui fica a reportagem:
Momento de abertura da sessão pelo director do agrupamento de escolas, Dr. Beto Areosa. Na mesa, à sua direita, a profª. Teresa Leonardo; à sua esquerda: Professor Rentes de Carvalho, tenente-coronel António Lopes (A. Sá Gué) e professora Leónida Oliveira.
Participação dos alunos: um jovem faz o papel de Luís de Camões, lendo um texto "auto-biográfico", enquanto outro colega leu um poema do autor evocado.
Entre vários outros escritores, este foi o momento de Mário de Sá Carneiro, com um "actor" bem escolhido e caracterizado, secundado pela colega que leu um texto do poeta modernista.
E para além de Sá Carneiro, não podia faltar o seu amigo F. Pessoa, igualmente muito parecido. Estes alunos fazem parte do Clube de Leitura da escola e foram caracterizados pelos dinamizadores do grupo de teatro Alma de Ferro, de que é encenador o prof. Américo Monteiro.
O prof. Américo Monteiro e D. Esperança Moreno preparando-se para ler textos de Rentes de Carvalho (da obra "O rebate" e "Com os holandeses") e de A. Sá Gué ("Contos dos montes ermos").
É passada a palavra aos ilustres escritores convidados, com destaque para a intervenção bastante aguardada do professor Rentes de Carvalho. O emérito escritor falou da sua experiência de vida, do modo como viu e vê a Holanda (país onde passou a maior parte da sua vida) e de como este povo nos vê a nós, além de outros estrangeiros. Referiu-se à sua obra, tendo depois passado a palavra ao público, para uma breve sessão de perguntas e respostas.
Seguidamente falou o escritor António Sá Gué, tendo escolhido como tema a língua portuguesa no Mundo, procurando responder à questão: para onde caminha a língua portuguesa? - acabando a fazer a apologia do novo acordo ortográfico que se pretende implementar - no que foi contraditado pelo escritor e jornalista moncorvense Rogério Rodrigues que se encontrava na plateia.
Ainda sobre o tema do Português no mundo (tema genérico deste Encontro), falou ainda a profª. Leónida de Oliveira, autora de um livro de poesia intitulado "Cumplicidade".
O Encontro terminou com um convívio e merenda no espaço da cantina escolar.
As nossas felicitações à organização, por dar continuidade a estes encontros dos Professores de Português, iniciados em 1999.
Txt. e fotos de N.Campos
3 comentários:
Olá Nelson!
Vou só fazer pequenas correcções, não é que sejam importantes, mas...
1- O texto que foi lido foi a nota do autor do Ultreia! Caminho sem Bermas;
2- O Rogério Rodrigues não contraditou. Para ele também há razões, nomeadamente razões comerciais, para defender o acordo;
3- Transcrevo de seguida a parte final do texto que li e que via de encontro a essas razões;
(...) Não se pode é confundir o essencial com o assessório. Não se pode confundir lusofonia com a língua que falavam os Lusos. Não se pode confundir Lusofonia com PALOP. A Lusofonia ultrapassa fronteiras, ultrapassa estados, a lusofonia é um estado de alma que urge defender porque ela deve ser o elemento aglutinador desta grandeza cultural que é a LINGUA PORTUGUESA.
Disse eu no início que a Língua não é nossa, é dos falantes, e afirmo, logo a infulência do Brasil será cada vez mais, mas também é verdade que sendo a língua de todos não significa que não existam estruturas culturais que cuidem dela. É aqui, neste ponto, que me atrevo a defender o novo acordo ortográfico. Sem querelas. Não sou capaz de discutir do ponto de vista linguístico se é correcto ou não, no entanto, e imbuído nesse espírito que tentei transmitir nestas breves palavras, parece-me um bom mecanismo para que, dentro da diversidade que é a Língua Portuguesa, procurar caminhar na unidade. Será paradoxal noutras disciplinas mas não nesta.
Caro António,
quanto ao 1º aspecto, peço desculpa pela desatenção (como depois vi/ouvi refer~encia aos Contos dos Montes Ermos, devo ter confundido). Quanto ao que disse o Rogério, pareceu-me que ele admitiu o "acordo" apenas no plano comercial, o que traz implícito uma crítia a essa dimensão do mesmo - pois não se pode mercatilizar o que não deve ser mercantilizável.
Quanto ao mais, e como te disse, eu acho q o Português, na sua formulação europeia, é a matriz da Língua, que bebe do Galaico-português medieval e, deste, da miscegenação das línguas autóctones do Noroeste da Península ibérica com o Latim do império romano. Ou seja, há uma razão de ser para certas palavras se escreverem (ou dizerem) de uma certa maneira. E isto é como se tivessemos um original linguístico, uma matriz q tem/deve ser preservada. A língua portuguesa ao contactar com outras latitudes, sofreu distorções ou crioulizações, em maior ou menor grau. Agora o q se pretende com esse "acordo" é destruir o original/matriz linguística, em nome do tal crioulo que é o Português do Brasil, sob uma espécie de ditadura do maior número (de falantes/escreventes, neste caso), impondo-nos como norma um crioulo de corruptelas sem nexo...
Ora no meu entender, os brasileiros que façam o q quiserem do "seu" português, eles ou os africanos ou asiáticos, ou quem quer q seja.... ninguém lhes deve impôr nada!! - mas eles ou quem quiser não podem também querer impor NADA aos outros, neste caso, não podem querer destruir ou subverter o original/matriz da língua! Eles (ou quem quiser, lá ou cá) não têm esse direito. Por isso continuarei
a escrever como aprendi, por ser a forma mais próxima do Português de antanho, com todas as alterações que já houve (num processo natural, mas sem imposição de formas ortográficas errónias, como essa do "fato" por facto, que é um verdadeiro flato...). O direito de resistência também acho q está previsto e consagrado, e, se não estiver, eu continuarei a resistir até ao fim...
abraço,
N.
ERRATA:
No 1º parágrafo, onde se escreveu "crítia", deve ler-se "crítica";
No último parágrafo, onde se lê "errónias", deve ler-se "erróneas", obviamente.
Dado o adiantado da hora, as nossas desculpas.
N.
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