Antes de mais devo dizer que não sou especialista em Língua Portuguesa, sou apenas utilizador da mesma, e porque não sou especialista estou completamente à-vontade sobre determinados pontos de vista. Não passam de mera opinião, posso dizer a maior das barbaridades, e provavelmente será, mas ninguém me poderá pedir explicações. Vale o que vale.
Defendo o acordo ortográfico, já o disse, vejo nele razões para existir. Poderão não ser as razões que deviam presidir para a defesa do mesmo, admito, mas vejo nele razões para ser assinado. Se me perguntarem se não me fere a grafia de “fato” para significar “facto”, respondo de imediato que me fere, e muito. Quando olho para um texto à luz da nova grafia, vejo-o cheio de erros, aliás, como todos. O que não acontecerá às gerações seguintes, de certeza.
Defendo-o porque penso que pode ser uma ponte entre os diferentes PALOP, ou pelo menos inspirador de pontes. Defendo-o porque acredito que num mundo cada vez mais global, onde o peso económico é cada vez mais determinante, será mais fácil defender a “Língua dos Lusos” (o tal lusitanismo de que falam os mais puristas), se formos muitos. Acredito que será mais fácil caminharmos juntos em vez de este retângulo continuar a caminhar sozinho, orgulhosamente só, para parafrasear alguém.
Poderão muitos dizer que essas questões, aquelas que atrás elenquei, não devem ser colocadas para defesa da língua. Devem colocar-se outros critérios, o critério sintático, o histórico, a latinidade, o berço, a génese… sei lá, não discuto, não sei discutir, deixo isso para os especialistas, mas defendo-o porque ninguém é dono da língua, a língua é de quem a fala, e os brasileiros também a utilizam.
Para terminar: não acredito na teoria da conspiração e do imperialismo brasileiro.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
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2 comentários:
Sobre este assunto, já tive oportunidade de o dizer noutro local (inclusive ao A. Sá Gué), não posso concordar com o dito cujo "acordo". Como bem disse o Sá Gué, "ninguém é dono da língua", pelo que isto tem de ser válido para os dois lados. E o que o dito cujo "acordo" nos traz é a completa abrasileiração do Português que se fala e escreve neste tal rectângulo. Mais nenhum país europeu fez concessões deste tipo (ou de outro) à utilização que se faz dos seus idiomas noutras latitudes - veja-se o caso do Inglês, p. ex., e parece-me que os E.U.A. são bem maiores, mais populosos e mais fortes do que a Inglaterra, a sua velha metrópole! O mesmo a dizer da França em relação ao todo o espaço francófono. O que temos nesses casos é uma língua-matriz e as versões localizadas dessa mesma língua, com as suas especificidades, noutras partes do mundo. No caso das antigas "colónias" portuguesas, a partir do momento em que seguiram o seu caminho histórico, continuando a fazer uso da Língua herdada, é natural que esta se carregasse com toda uma série de vocábulos novos e uma série de deturpações derivadas de um uso pragmático da mesma. Ora essa norma de cada novo país (seja Brasil ou Palop's), também ela com a sua historicidade, que seja válida para os falantes/escriventes desses espaços, sem q a antiga "metrópole" lhes imponha nada, pelo que o inverso também devia ser verdadeiro. Ora esta imposição (e respectiva claudicação de uma das partes), é, de facto, uma forma de imperialismo! E quanto às as "teorias da conspiração" não são propriamente fantasmas: que o diga o amplo anedotário brasileiro sobre o Tuga, o tal de "Manuel", cujo nome foi tão jocosamente pronunciado por uma certa actriz brasileira, referindo-se ao rei D. Manuel, enquanto cuspia no monumento maior que assinala as chamada Descobertas, ou seja, o mosteiro dos Jerónimos... (Freud explica...); ou ainda uma certa entrevista de outro emérito intelectual brasileiro, um desses "de Holanda", depreciando a malfadada colonização portuguesa, pois que granda potência o Brasil seria se tem sido colonizado por ingleses ou holandeses (dizia o tal!) - de facto, as Guianas holandesa, francesa e inglesa, mesmo ali encostadinhas ao Brasil, são de facto um expoente de desenvovimento extraordinários!!! Tal como a ex-colónia holandesa da Indonésia (que só agora vai saindo do terceiro-mundismo de que foi arauto Sukarno), para não falar desse bela criação boér-afrikander (de descendência holandesa) na África do Sul, o "aparthaid" - e note-se que o desenvolvimento da África do Sul se deveu mais às minas de ouro do q outra coisa, pois não me parece que a esfera da colonização inglesa África, desde o Kenia, Uganda, Tanzânia, etc, sejam grandes exemplos... Mas talvez a intelectualidade brasileira talvez ache que sim, esquecida dos preciosos manuscritos e incunábulos que a família real portuguesa lhes deixou no Rio, facto sem paralelo em mais nenhum outro país das Américas (os E.U.A. se têm muitas preciosidades europeias tiveram de as comprar!...). Mas isto é já uma derivação minha que nada tem a ver com o tal de "acordo". Quanto a este assunto, apenas direi que continuarei a escrever como aprendi (e em longínugas plagas tropicais), até ao fim dos meus dias. Ah, e no dia em que me procurarem "corrigir", vou aprender mirandês, para poder escrever na outra língua oficial portuguesa (que ainda não está sujeita a "acordos" que tais, em nome de "objetivos" comerciais...).
- Nota: como é óbvio a minha posição é estrictamente pessoal, e, como tal, não vincula o blogue, o qual é um espaço plural, pelo que o nosso Amigo e "compagnon de route" A. Sá Gué, ou outro(a) colaborador(a), poderá continuar a postar aqui os seus textos na forma que melhor entender.
Abrçº. a todos,
n.
Ainda sobre o "acordo" ortográfico, corre pela net este arrazoado:
«- Segundo os peritos da Língua (que não foram consultados), não faz sentido em termos técnico-linguísticos (parecer da Associação Portuguesa de Linguística http://www.fcsh.unl.pt/docentes/aemiliano/AOLP90/CD-PR/DOCUMENTOS/07-APL2005.pdf )
- O propósito de unificação da ortografia nos PALOPs é falso pois apenas o Brasil, Cabo Verde, Guiné e Timor ratificaram o AO, deixando de fora Angola e Moçambique! Timor e Guiné ratificaram mas não implementaram (http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia ).
- Este Acordo Ortográfico estava pendente desde 1990, pelo que mesmo que fizesse sentido, estaria completamente desactualizado.
- Não foi sujeito análise técnica rigorosa por parte da comunidade científica, mas apenas a uma comissão nomeada por interesses meramente políticos.
- Não obedece a critérios etimológicos (origem das palavras) mas a critérios arbitrários e convencionados com base na fonética, mantendo contudo várias excepções e com permissividade incompreensível nalgumas grafias.
- O AO contradiz a suposta unificação ao autorizar duplas ou múltiplas grafias no espaço lusófono, com base num “critério da pronúncia”, pelo que na prática podemos escrever em Portugal como se tivéssemos sotaque brasileiro e vice-versa!
- não há coerência linguística, pois casos semelhantes têm soluções ortográficas diferentes.
- O Acordo Ortográfico de 1945 tinha pés e cabeça mas não foi ratificado pelo Brasil pois este achou demasiado próximo da matriz Portuguesa...agora já ratificaram o de 1990 porque é muito mais próximo da ortografia do Brasil que de Portugal, que supostamente é a matriz da Língua de Camões...
- Outras línguas mais faladas, Inglês, Espanhol têm ortografias diferentes nos vários países falantes e isso não constitui qualquer problema de comunicação, pelo que a razão do AO é uma falácia.
- A Língua é cultura e identidade de cada povo pelo que a diversidade da sua ortografia e fonética enriquecem-na não havendo qualquer necessidade imperativa de a harmonizar entre países.
- A tentativa de uniformizar a Língua é artificial e forçada, pois cada país falante tem influências e cultura diferentes; a Língua em cada país divergirá portanto, sempre.
- O AO não tem claramente o apoio dos Portugueses e várias personalidades têm demonstrado o seu desacordo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_em_Defesa_da_L%C3%ADngua_Portuguesa )
- A alteração de livros e manuais escolares vai ter custos associados obviamente desnecessários.
- Vai criar confusão, repulsa e frustração em milhares de professores que não concordam justamente com o AO.
- Na essência constitui um atentado à N/ Pátria, pois a N/ Língua é a N/ identidade e Património Cultural!»
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Quem esteja de acordo com o arrazoado supra e que queira manifestar a sua discordância em relação ao dito "acordo", poderá fazê-lo preenchendo um documento em Email.doc (anexo), assinado-o, digitalizando-o e enviando-o para o email: ilcao_assinaturas@cedilha.net
Existe também uma página da internet sobre esta Iniciativa Legislativa de Cidadãos: http://ilcao.cedilha.net/?page_id=18&cpage=4
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