terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pela casa (e por causa) de nossos avós

Foi necessário que esta bisarma viesse abaixo ao fim de mais de um século ali plantada, não por que competisse com a idade máxima de um ser humano na Terra - calcula-se, pelos dados disponíveis, que a superou bem - mas tão só por que começava a ameaçar a casa e mais alguma coisa não de somenos importância.
Ainda lá ficou outro gigante (eucaliptos são, da variedade que dá aroma) que talvez tenha os dias contados, por idêntica razão.
Que fazer? Como agir? Podemos sempre perguntar-nos, também aqui. Quem os mandou plantar e quem os plantou há muitos anos que não está por ali a encher os pulmões do ar a que, naquela época, era dada importância por assim dizer profiláctica.
Já segue um novo cujo tronco é, por estes meses, mais grosso que um pulso, não chegando ainda ao diâmetro de uma anca magra. Ficará este - e a rebentação de um dos outros - para memórias renováveis.
Torna-se talvez desnecessário referir que se veio a verificar que o cerne desta vetusta árvore já não estava são (para além da ideia, comummente aceite, que dá conta de um eucalipto tudo secar à sua volta, o que, neste caso, não parece ser verdade, já que fica ainda ao alto outro velhíssimo e o tal rebento a que acima se alude).
Haverá, assim, lenha já garantida (entretanto cortada e empilhada) para o inverno de 2011-2012, na margem direita do rio Douro, a umas dezenas de quilómetros da sua criação e a escassos metros das suas águas - sim, que as águas mesclam-se, são de todos e de ninguém, proliferam também, como nós, fora de leitos sinalizados como tal, são fundamentalmente subterrâneas, as que ficam mais tempo.
Esta árvore viu muita gente passar. Dá pena.
E a gente que passou?
Está bem assim?

Outono de 2010

Carlos Sambade

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