Esta fotografia foi tirada por Gérald Bloncourt, em 1966, e correu o mundo português. Bloncourt foi um dos fotógrafos mais famosos a retratar e acompanhar os primeiros portugueses em França durante os difíceis anos da emigração clandestina. A fotografia encontra-se, pela primeira vez e a cores, no seu blogue (http://bloncourt.over-blog.net), donde se pode aceder a uma galeria de imagens extremamente representativas deste período.
Estas são as palavras plenas de emoção que Bloncourt expõe, de peito aberto, no seu blogue, quando reencontrou a menina que fotografara há 45 anos:
"Reencontrei a menina do bairro de lata de St-Denis.
Ela tem 52 anos. É casada e tem três filhos. Ela é professora.
Ela chama-se Maria da Conceição.
Ela vive em Portugal.
Fotografei-a em 1966 no bairro de lata português de St-Denis.
É uma imensa alegria para mim e sinto-me muito emocionado.
O que poderemos fazer para assinalar este reencontro e festejar este acontecimento?
Espero que partilhem comigo esta grande emoção que me sufoca."
Nota: Esta é uma das fotografias que constará do meu próximo livro acerca da emigração. O reencontro do fotógrafo e da menina já se deu após o momento em que Bloncourt me tinha cedido a fotografia para o livro.
7 comentários:
Bom Trabalho!
Abraço
Caríssima Isabel:
Só posso dizer como o Sá Gué: excelente trabalho.
Abraço
Júlia
Agradeço os vossos comentários António e Júlia!
Escrever acerca da emigração tem-me trazido inúmeras emoções. Emoções muito fortes, muito ricas e através das quais alcanço a comunhão com o eu e o "outro", o ser humano em plena profundidade e êxtase. Observei tantas vezes os olhos daquela criança, a sua boneca a tiracolo e a "bola de azeite", mas nunca tinha imaginado que pudesse vir a conversar com ela, trocando opiniões por escrito. Aconteceu e foi lindo, muito lindo... Estes são os verdadeiros momentos de felicidade que nunca se esquecem.
Abraços
Isabel
Isabel, parabéns por este trabalho e por dares a conhecer esta imagem impressionantemente actual: a lama do desemprego está a atolar muitas vidas, paralelamente a inumanos casos de corrupção.
A propósito, aconselho a leitura do pertinente texto de J.Rentes de Carvalho - "Vergonha", no blog Tempo Contado.
J. Costa
Obrigada, João.
É importante que a emigração do passado comece a ter ROSTO para que a do presente e a do futuro também o tenha. Infelizmente desdenha-se, critica-se, mas não se quer conhecer a realidade na profundidade e isto tem vindo sempre a acontecer.
Li o texto que me aconselhaste. Infelizmente os "rostos da vergonha" para o país, entenda-se, continuam encobertos para que se possa mais airosamente passar ao lado deles.
Abraço
Isabel
viva Isabel,
como tenho andado algo ocupado ainda não tinha tido ensejo de comentar esta belíssima foto, digna de ter figurado numa National Geographic, tal como aquela, famosa, que Steve McCurry tirou à célebre "rapariga afegã" em 1985. Esta, muito anterior, bem poderia ter sido a "rapariga portuguesa". Decerto que o reencontro do fotógrafo francês com a menina, hoje Drª Maria da Conceição, não foi tão "rendoso" para a fotografada. Mas creio que ambos ficaram mais ricos, humanamente falando, com esse encontro/reencontro. Decerto a imagem e a história de vida que está por detrás da imagem (o antes e o depois), muito valorizará a nova obra da Isabel, como excerto da epopeia da emigração portuguesa para a mítica Europa, dos anos 1960-70 do séc. XX (uma odisseia q ainda não parece ter terminado).
Parabéns e obrigado por este post, no nosso blogue (agradecimento extensivo ao fotógrafo Bloncourt).
N.
Obrigada, N.! Peço desculpa por ainda não ter respondido a mais esta oportuna achega.
Estes são realmente encontros e reencontros humanamente mais ricos!
A odisseia continua, sem dúvida.
Abraço,
Isabel
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