
O Fernandinho passava, rua abaixo, muito contrito, muito senhor do seu nariz. Não gostava de ser conluio nas bocas do mulherio que, ao soalheiro, aproveitava os primeiros raios de Sol de uma primavera que já tardava.
Mas nem assim se livrava. Mal ele desaparecia no canto do olho de todas elas havia logo quem murmurasse.
- Ele parece que não é bem feito... ele tem as pernas bambas...
Não havia nada que a coscuvilhice das abrigadas não conseguisse desvendar. “Olha que a mim não me engana!”, “Tu vê lá aquele descaradão!...”, tudo era esquadrinhado ao mais ínfimo pormenor. Fosse alto ao magro, com bigode ou sem bigode, tivesse ele ou não cão, fosse ele a cavalo no burro ou andasse sempre a pé.
Então aquele cantinho que a casa do Zé da Adega faz com o do Manel da Trapa é de primeira apanha. Junta-se a Ti Esprito-Santo, a Zabelinha e a do Florindo, todas elas já na casa dos “entas” e todas vestidas de negro, mais pareciam três cá-vais pousados no escadório de cantaria do balcão, aquilo é um ver se te avias constante. Tricotam com igual desembaraço os meotes, a colcha ou o traque.