- Então o que é que agora fazes? – perguntou o homem do boné ao mais velho.
Não respondeu logo. Os músculos do rosto retesaram-se-lhe, fechou-se, baixou a cabeça e fincou o olhar na biqueira dos sapatos de atanado já esborcinados. Aquela pergunta parecia esmagar-lhe a alma. Era-lhe difícil revelar aquela sua fraqueza. Agora já não fazia nada, já não tinha forças para “fazer”, o tempo foi-se escoando sem dar por ela, agora, andava por aí... andava de café em café, de esquina em esquina, esperava pelo fim do tempo.
ANTÓNIO SÁ GUÉ
2 comentários:
A foto não se poderia ter ajustado melhor ao texto! Ambos bem expressivos do que é a trasmontaneidade.
Parabéns aos autores.
O Sá Gué escreve mesmo bem. Parabéns. A imagem é parecida com as do Paulo Patoleia. Também está bonita.
Maria da Corredoira
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