quarta-feira, 21 de abril de 2010

Estação de C.F. de Torre de Moncorvo

No seguimento dos post's anteriores, aqui ficam algumas imagens da estação de caminho de ferro de Torre de Moncorvo e outras tantas informações sobre a Linha do Sabor:

Estação de Caminho de Ferro de Moncorvo (Janº.2010)

A linha do Sabor, segundo a obra do conde de Paçô-Vieira (Caminhos de ferro portugueses, Lx., 1905), estava já em perspectiva em 1888, no plano de Emídio Navarro, sendo estudada pelo Engº. Luciano Simões de Carvalho. Segundo o abade de Baçal, "pela proposta de lei do ministro das Obras Públicas, Conde de Paçô-Vieira, de 24 de Abril de 1903, para construção das linhas complementares, e lei de 1 de Julho do mesmo ano, pôde proceder-se ao estudo desta linha".

Antigo depósito da água para a caldeira da locomotiva (Janº.2010)

Depois de algumas vicissitudes, discussões, hesitações e atrasos, como é típico neste país, a obra lá começou, após a construção da ponte férrea do Pocinho (inauguração do início dos trabalhos em Novembro de 1903, com inauguração após o final da obra, em Julho de 1909), sendo construído o ramal de via estreita que vai até Duas Igrejas (concelho de Miranda do Douro).

Casa do Chefe da Estação (Janº.2010)

Ainda segundo o abade de Baçal, "o lanço do Pocinho, Moncorvo e Carviçais (34km) foi aberto à circulação em 17 de Novembro de 1911. Custou cerca de 361.000$000 réis. O lanço de Carviçais foi aprovado em 29 de Fevereiro de 1908 e o projecto do lanço seguinte, de Bruçó a Brunhosinho em 31 de Dezembro de 1910. A linha ainda hoje (Agosto de 1933) só chega ao Mogadouro, mas continuam os trabalhos, já muito adiantados, em direcção a Miranda do Douro" [onde nunca chegou, acrescentamos nós, pois ficou-se por Duas Igrejas].

À direita: aqui passava a linha férrea, entretanto já levantada (janº 2010)

Saliente-se que um dos grandes argumentos para a construção deste ramal, conhecido por Linha do Sabor, foi a necessidade de escoamento dos minérios de ferro de Moncorvo, além dos mármores e alabastros da minas de Santo Adrião (Vimioso). Em boa hora se construíu uma ecopista/ciclovia entre Torre de Moncorvo (que era a primeira estação desta linha, para quem subia desde o Pocinho) e o Carvalhal, muito utilizada pelos moncorvenses e turistas que nos visitam. Como ainda se encontram os carris no troço entre a nossa vila e o Pocinho, seria interessante que se pensasse num pequeno combóio turístico, atendendo ao grande desnível e consequente esforço de subida para eventuais utilizadores, numa solução de continuidade da ecopista.

(Txt.: N.Campos; fotos do autor e de Rui Leonardo)

3 comentários:

Anónimo disse...

Curiosidade indigena !

Mas, qt. minério de ferro de Monc.ou mármores e alabastros de Vim. se escoou por esta linha do Sabor entre 1911 e 1950 ?


Blueberry.

Anónimo disse...

O facto de não se ter escoado minério de ferro ou alabastros, durante esse período a que se reporta o comentário anterior, não quer dizer que esses argumentos não pesassem na decisão de construção da linha - as eternas expectativas sobre os minérios de ferro do Roboredo vinham já desde a 2ª.metade do séc. XIX. Como que a prová-lo, recomendamos a Blueberry a leitura do artigo de Manuel Francisco da Costa Serrão in Revista de Obras Públicas e Minas, tomo XXI, ano XXI, nºs. 243-244, Lisboa, 1890, págs. 117-248 (pode procurar no Museu do Ferro).
Cps.,
N.

Anónimo disse...

Gracias!

Vou já passar no Museu do Ferro para procurar e ler esse artigo, uma vez que eu sempre pensei, pelos vistos erradamente, que a construção da linha do Sabor tinha sido a ultima manifestação do estertor do fontismo, uma especie de esmola ou faz de conta ao interior profundo, ( um pouco à semelhança com a actual concessão rodoviária do ip 2 e ic 5 que leva os do litoral a dizerem que são autoestradas, qd. o não são ).

Independentemente de tal, sei que foi uma obra pessimamente delineada
e que, por isso, durou o tempo que durou e nunca chegou aonde se projectou...

E estou convencido que só teria utilidade, rentabilidade e justificação economica para o ferro de Monc. se tivesse sido construida em linha larga, pelo menos, até ao Carvalhal, e, como tal não aconteceu, só sei sorrir qd. vejo continuarem a matraquear e a repetirem os estafados argumentos do escoamento do marmore ou do minério, o qual, mesmo assim, só a partir de 1950 ( já a linha a funcionar há uns 40 e tal anos)começou a ter escoamento de maneira industrial e rentável, e mesmo este beneficio foi sol de pouca dura.
E então no que ao marmore e alabastros de Vimioso concerne, penso que nem uma grama se escoou pela linha.
Pudera, tb. a distância a que a linha ficou, oblige...


Com votos de bom fim de semana e saudações ferroviárias.

Blueberry.