Rogério Rodrigues (3º a contar da direita) proferindo a sua palestra
O agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo assinalou o centenário da República com um conjunto de actividades, de que destacamos a palestra, realizada ontem à tarde, pelo jornalista e escritor moncorvense Rogério Rodrigues.
A palestra, intitulada "A implantação da República em Portugal", teve lugar no polivalente da escola-sede do Agrupamento de Escolas, perante uma numerosa plateia de professores, alunos, funcionários e outros cidadãos que quiseram assistir. A apresentação do ilustre conferencista coube ao Director da Escola, Dr. Alberto Areosa, que explanou os objectivos destas comemorações e agradeceu ao grupo de História, na pessoa da professora Lucília e do professor Pimenta de Castro a oportunidade desta organização.
A seguir, Rogério Rodrigues dissertou sobre as causas que estiveram na génese da República, as intensas movimentações políticas do período que antecedeu a queda do antigo regime, precedido pelo regicídio (morte do rei D. Carlos) e toda a série de acontecimentos quer da Revolução (acções dos militares, com destaque para Machado dos Santos, das organizações secretas como a Carbonária e a Maçonaria, a que se juntaram depois as massas populares), quer do período político que se lhe seguiu até ao golpe de 28 de Maio de 1926, que levaria ao chamado período do Estado Novo. Passou em revista episódios como o "golpe das Espadas" que levou à ditadura do general Pimenta de Castro (parente do Dr. António Pimenta de Castro, professor na Escola Secundária de Moncorvo) e o da célebre "camioneta fantasma" que numa noite tratou de matar a maioria dos principais vultos do 5 de Outubro de 1910. Neste episódio lamentável, num tempo em que as divergências políticas se resolviam a tiro, participou um moncorvense da Cardanha, um certo Olímpio, conhecido como o "Dente de Ouro".
No final da palestra, o professor Pimenta de Castro prestou vários esclarecimentos sobre a simbologia das bandeiras, quer da Monarquia (a azul e branca), quer da Republicana, que se mantém hoje como a bandeira nacional. É de salientar que nem todos os republicanos estavam de acordo com as actuais cores da bandeira, como era o caso do poeta Guerra Junqueiro, natural do vizinho concelho de Freixo de Espada à Cinta, que defendia a manutenção das cores azul e branca, retirando apenas a coroa real e se colocasse no seu lugar a esfera armilar, com 5 estrelinhas verdes e vermelhas, a evocar o 5 de Outubro. A esfera armilar viria a ficar em fundo, como se sabe, mas as cores acabaram por ficar a verde e vermelha, como símbolos da Esperança e do Sangue dos heróis, se bem que essas eram as cores de uma das lojas da Carbonária, associada inclusive ao Iberismo.
No final da sessão, todos cantaram o hino nacional, uma marcha composta por Alfredo Keil, em 1890, em reacção ao Ultimato inglês sobre as nossas colónias africanas, e que, à semelhança da Marselhesa (hino francês) se intitulava "A Portuguesa", sendo logo adoptado pelos republicanos como o seu hino militante.
Txt. e fotos de N.Campos
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