As luzes do palco apagar-se-ão como que a marcar o início. O silêncio, durante breves segundos, aprofundará a ansiedade de muitos. Uns gemidos eléctricos sairão das trevas. Uns fumos rasteiros prepararão o ambiente de mistério que a letra da canção canta. A bateria explodirá numa batida forte que, para muitos, vem dos quintos-dos-infernos. As luzes explodirão numa sincronia de cores e sons. A rapaziada, cá em baixo, bem junto às colunas que debitam decibéis, abanar-se-á, se calhar como forma de protesto, ao ritmo da batida primária que o esforçado baterista faz sobressair. “A godalha da filha da Amélia continua aos saltos, lá no meio”, no dizer do povoléu que já sem espírito para se deixar enlevar por aqueles ritmos se mantém encostado às paredes que bordejam a praça e, no meio da populaça, vão descortinando, aqui e ali, as caras novas que aparecem nessa altura do ano.
A descarga da meia-noite aproxima-se, dirá o foguete que explodirá quando faltarem 15 minutos para a meia-noite.
(Continua)
ANTÓNIO SÁ GUÉ
Foto N.Campos/blogue TORRE.Moncorvo
3 comentários:
Olá António,
Texto muito apropriado para a época festiva das nossas aldeias que começa e se estende até Setembro com a Santa Eufêmea!
Tenho saudades dessas festas e bailaricos.
Um abraço,
Isabel
Olá, Isabel!
O Verão está à porta para matar saudades.
Atentamente,
Por acaso, por acaso... a foto escolhida para ilustrar o magnífico texto (mais um!) do Sá Gué, é de um arraial do Felgar. Ainda andei à precura de uma foto da Santa Eufémia, mas não encontrei (que o arquivo fotográfico está mt desorganizado). Mas fica para a próxima. De Carviçais, só mesmo do Carviçais-Rock, mas achei q não era esse o espírito do texto, já que "arraial" é (ou antes, era) no povo, e "concerto" é na tapada que era do Sr. Amílcar Pinto, longe do pôbo.
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