sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Maçonaria e República em Trás-os-Montes e Alto Douro, por Rogério Rodrigues - II

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Com o decreto 1901 de 21 de Maio de 1935 a Maçonaria foi proibida em Portugal. Curioso é que o decreto seja assinado por Óscar Carmona que fora iniciado no triângulo nº. 1 de Chaves como maçon, nunca tendo passado, no entanto, de aprendiz.

Fernando Pessoa, não sendo maçon, antes génio, místico, esotérico e mesmo cabalista, foi a grande defensor da Maçonaria, com vários artigos publicados no Diário de Lisboa.

Será redundante dizer que as grandes causas dos dois últimos séculos tiveram a influência fundamental da Maçonaria. A título de exemplo: na abolição da escravatura, na Declaração dos Direitos Humanos, na Constituição dos Estados Unidos, cuja esmagadora maioria dos presidentes têm sido maçons, na unificação da Itália com o maçon Garibaldi e o fundador da Carbonária, Mazzini, na libertação dos povos da América Latina, sob a liderança do maçon Simon Bolivar, na independência de Cuba pelo maçon José Marti, nos acordos de Camp David ( 1979, o primeiro acordo israelo-árabe) porque tanto os ministros israelita como o egípcio e o presidente dos Estados Unidos, Menchem Begin, Anwar Sadate e Jimmy Carter eram maçons. Como maçon era Salvador Allende assassinado pelo ditador Augusto Pinochet. Como maçon era Benjamim Constant um dos homens que implantou a República do Brasil e cujo pai era natural de Moncorvo, Leopoldo Henriques Botelho de Magalhães.

Poderemos falar das grandes figuras universais e nacionais que pertenceram â Maçonaria. Voltaire, quis ser iniciado aos 90 anos, tendo como padrinho o embaixador norte-americano em Paris, Benjamim Franklin, Ian Fleming, o inventor da penicilina, Churchill, Kipling, prémio Nobel de Literatura que escreveu um belíssimo poema sobre a sua loja em Lahore, na Índia, Mozart que criou expressamente uma ópera com toda a simbologia maçónica, A Flauta Mágica, Charlie Chaplin, o Amstrong do jazz e o outro Amstrong, o primeiro homem a pisar a Lua.

Entre os portugueses, a plêiade intelectual pertenceu à maçonaria. Na religião temos o bispo de Betsaida, o bispo de Elvas, o cardeal patriarca de Lisboa (Manuel Bento Rodrigues da Silva), o bispo de Angra e de Bragança, natural de Freixo de Espada à Cinta, etc..

Nos militares temos Carvalho Araújo, Sarmento Beires, Gago Coutinho, Óscar Monteiro Torres, Humberto Delgado, almirante Sarmento Rodrigues (proposto para candidato à Presidência da República em 1958 e vetado pela PIDE por ser maçon), além dos grandes republicanos Machado dos Santos, Cândido dos Reis, Carlos da Maia, Ladislau Parreira.

Na cultura temos, entre muitos outros, João de Barros, Bocage, Camilo Castelo Branco, Feliciano de Castilho, Trindade Coelho, Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Filinto Elísio, Gomes Ferreira, Branquinho da Fonseca, Garrett, Alexandre Herculano, Vitorino Nemésio, Rodrigues Lapa, Teixeira de Pascoaes, Camilo Pessanha, Antero de Quental, Inocêncio da Silva.

Nas artes e na música podemos encontrar Domingos Bontempo, Alfredo Keil que musicou o hino nacional, Carlos Mardel, o arquitecto húngaro responsável pela reconstrução do Baixa Lisboeta e do Terreiro do Paço, após o terramoto de 1755, Rafael Bordalo Pinheiro, Abel Salazar, Domingos Sequeira.

No teatro Estêvão Amarante, António Pedro, Varela Silva, Armando Cortês, Raul Solnado.

No campo empresarial o Ricardo Covões, do Coliseu dos Recreios, Grandella dos armazéns, Amadeu Gaudêncio, responsável pelas obras de reconstrução do Palácio Maçónico depois do 25 de Abril.

O Palácio Maçónico sediado no Bairro Alto, que algumas turmas de História da Escola Secundária dr. Ramiro Salgado (de Moncorvo) já visitaram, tinha sido ocupado pela Legião. Em 1974, houve uma deliberação para o edifício ser entregue ao então PPD. O comandante Simões Coimbra fora amigo do pai do almirante Pinheiro de Azevedo, então na Junta de Salvação Nacional. Apresentou as razões porque o Palácio devia regressar à Maçonaria. Fora comprado ao pai de José Relvas, o homem da Casa dos Patudos em Alpiarça, fotógrafo e artista e grande republicano e maçon, Casa de que foi responsável durante alguns anos um homem que tem investigado o Ferro em Moncorvo, Jorge Custódio. O Palácio foi entregue à Maçonaria que teve direito a uma indemnização de 2500 contos, em despacho assinado por Mário Soares, Henrique de Barros, maçon, cunhado de Marcelo Caetano e o primeiro presidente da Assembleia de República e, finalmente, imagine-se, pelo ministro das Finanças do Governo de então, Medina Carreira. Refira-se, que os três primeiros presidentes da Assembleia da República foram maçons: Henrique de Barros, Vasco da Gama Fernandes e Teófilo Carvalho dos Santos.

CONTINUA

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