(Continuação do post anterior)
Iniciemos então a nossa viagem.
No desenvolvimento deste preâmbulo, mais centrado nas figuras de Trás-os-Montes e Alto Douro vão ouvir falar em “Oriente”, “nome simbólico”, “lojas”, “triângulos”, “levantar colunas”, “abater colunas”.
Creio ser necessária uma explicação.
Oriente é uma obediência, a predominante em Portugal, que aceita vários ritos. Os mais praticados são o rito escocês antigo e aceite e o rito francês. É liberal e não dogmática. Tem laços de fraternidade com as lojas femininas e o Direito Humano, de maçonaria mista. Quanto à Grande Loja dita Regular que só existe a partir do início da década de 90 numa cisão provocada no GOL pelo médico Fernando Teixeira, é uma obediência anglo-saxónica, dogmática, que aceita apenas um rito (melhor dito, não aceita o Rito Francês, ainda que aceite o Rito de York), uma religião revelada e a imortalidade da alma.
Quanto ao nome simbólico ele existe no Grande Oriente, devido às perseguições a que a Maçonaria foi sujeita e também à necessidade de preservar alguns dos seus membros de serem prejudicados nas suas carreiras só por pertencerem à Maçonaria, nomeadamente no sector militar e na magistratura. Quanto à existência de uma loja, a sua constituição exige pelo menos sete mestres, bastando três para a criação de um triângulo. Abater colunas é terminar com uma loja ou um triângulo. Levantar colunas é criar uma loja ou um triângulo.
Posto isto, falemos da actividade da Maçonaria em Trás-os-Montes. Comecemos por Lamego.
João Franco enviou um telegrama cifrado a todos os administradores dos concelhos a perguntar “quais eram os empregados públicos que pertenciam às associações secretas e que faziam propaganda contra a ditadura actual”.
Esta informação chega ao GOLU, proveniente de Lamego em 1907.
A Maçonaria do Norte ou Oriente Passos Manuel, é uma cisão, entre outras da Maçonaria portuguesa, de
Por curiosidade, refira-se que Passos Manuel iniciou Camilo Castelo Branco. Esta iniciação vem no livro de Camilo, Maria da Fonte, um texto em que tenta anular as acusações e diatribes anti-maçónicas do padre Casimiro.
A Maçonaria do Norte era uma tendência mais à esquerda dos maçons liberais, opondo-se ao GOL, subordinado ao cartismo e à Maçonaria do Sul ligada a Saldanha e Vila Nova de Foz Côa. O barão.
Tinha um carácter regionalista e a grande maioria das lojas era a Norte do Douro.
A Onze de Agosto foi fundada em Bragança, entre 1834 e 1840. Já não existia em 1849. Só em 1910 é que veio a ser instalado um triângulo nº 153 do REAA que durou até 1914. Segue-se o triângulo 356 do RF, activo de 1923 até à clandestinidade.
Em Mirandela em 1911 foi criado o triângulo 154 do REAA. Durou até 1916.
Não deixa de ser curioso que em curto espaço de tempo foram criados três triângulos, em Bragança primeiro, em Mirandela depois e finalmente
Em Miranda do Douro foi criado em 1930 o triângulo 284 do RF. Desapareceu durante a clandestinidade.
Na Régua existiram dois triângulos: o 91 do REAA, instalado em 1907 e desaparecido em 1913 e o 319, do RF, instalado em 1931, desaparecido durante a clandestinidade.
Em Lamego em 1904 o triângulo 51, do REAA, filial da loja Luz da Beira,
Por sua vez a loja Luz da Beira transferiu a sua sede para Lamego, mantendo-se até ao período da clandestinidade.
Em Chaves foi criado o primeiro triângulo em Portugal, em 1893, que durou até 1909. Em 1911 instalou-se um novo tri do REAA, 184, que se converteu na loja Tâmega, 356. Esta loja abateu colunas em 1914, mas reergueu-as logo a seguir, integrada na dissidência do Supremo Conselho. Já não existia em 1923.
CONTINUA
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