Quintas do Corisco: O Freixo que durante gerações tem sido esgalhado fundamentalmente para apascentar o rebanho e que, assim o ano o permita, bebe as águas férreas do ribeiro que lhe molha as raízes.
A ancestralidade grandíloqua do Freixo altaneiro que me saúda pela manhã no ecrã do computador apaziguou-me neste Natal a ansiedade que se gera em mim quando não o visito nesta quadra. Apesar de saber de antemão que me esquivarei ao torrão nativo, afinal a minha casa, o meu lar e a minha família também são doutros lugares, não tenho conseguido em anos consecutivos dissipar a apreensão e a vontade de partir. Acabo sempre por fazer a viagem na hora de preparar o Natal. Este ano comecei pela Árvore Ambrosíaca. Às vezes é assim: não me chega ir a Londres buscar o bacalhau, o polvo congelado e as tronchudas. O que desta vez ainda nem fiz!
ÁRVORE de NATAL
Espreito o Freixo
da janela da tecnologia
e do progresso
e apetece-me ataviá-lo
com os enfeites
do Natal:
clicaria sobre a Estrela mais brilhante
que o alumiasse
até à raiz da penumbra,
a Geada que lhe pintasse de branco
o verde-escuro das folhas,
e os sulcos profundos
do velho tronco rugoso
donde jorraria a Ambrosia
para a Consoada da Humanidade.
5 comentários:
Olá Isabel! - quando se traz o rincão no coração, não há longe nem distância (para usar um consabido título de R. Bach); mas as tecnologias dão também uma ajudinha, neste caso para lhe levarem esta bela árvore de Natal (e da Terra Natal) o majestoso "fraxinus" da foto (apenas algo desfeiteada pelos fios eléctricos ou telefónicos, mas são as vicissitudes do tal de Progresso).
Eu não sabia que a ambrósia divina se extraía do freixo, mas agora se entende porque esta árvore tinha uma tão forte conotação sagrada para os povos primitivos, tal como o carvalho para os Celtas.
Bem, e o belo poema a acompanhar foi a melhor decoração para a árvore da foto! - Um feliz Natal também aí para vocês, em terras de S. Majestade, e que não vos falte o "fiel amigo", os tronchos e as batatitas e o verdadeiro azeitinho cá das nossas terras para regar isso tudo. Com um abraço amigo do
N.
Boa noite, Isabel.
O seu poema e o do Rogério, cada um à sua maneira, fizeram-me repensar o Natal.
Mas a velha fogueira na Corredoura, junto da capela de S. Sebastião, os cânticos à sua roda, os pinhões que se iam tirando das pinhas deitadas no borralho, as mãos enfarruscadas e pegajosas da resina, o jogo do "par ou pernão", uma pinga de água-pé para os pais e avós - que a canalhada não tinha direito a prova - creio que já quase tudo sumiu no vórtice do tempo ...
Um grande abraço e BOAS FESTAS COM SAÚDE E PAZ.
Júlia
Fico feliz com o simbolismo do enternecedor e muito significativo poema da Isabel e aproveito para desejar a todos vós,amigos do blog e sobretudo a todos os moncorvenses (especialmente os da diáspora)um feliz Natal.
Daniel de Sousa
Muito obrigada ao N., à Júlia e ao Daniel pelos comentários. Sempre ternos, amáveis e cheios de consideração e de muito significado para mim. O N. com as suas achegas que trazem sempre mais sabedoria do que aquela que inicialmente se partilhou. A Júlia transporta sempre no seu carinho de mãe e de avó o espírito de Natal pelos tempos fora consigo. Deixa-nos a escrita para celebrarmos com ela o Natal na Corredoura. O Daniel é sempre oportuno. Já sentia a falta dos seus comentários. É pena que tenhamos perdido o "contacto" através das opiniões escritas de algumas das pessoas que também dão vida ao Blogue.
Desejo-vos um Feliz Natal e um óptimo início de 2011, assim como para todos os seguidores.
Um Abraço de BOAS FESTAS!
P.S. Consegui arranjar o polvo. O "fiel amigo" fica pela partilha destas palavras amigas convosco.
Isabel
Viva Isabel,
vejo que então que esse Natal, com cheirinho cá do rincão, correu bem.
Saúdo também o Daniel, que é bem aparecido, como aqui se diz, e de quem já tínhamos saudades.
Para todos também um bom ano de 2011, na medida do possível, já que os ventos estão pouco de feição para a "prosperidade". Haja ao menos saúde e que coza o forno!...
Esperamos também poder dinamizar um pouco mais aqui o blogue, pois tem estado um tanto adormecido. Aguardamos os vossos contributos e as mensagens dos moncorvenses da Diáspora.
abraço,
N.
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