de maneira que a praça ficou vazia...
sábado, 29 de maio de 2010
Quadros da transmontaneidade (11)
A noite, finalmente, chegará. De passo apressado todos convergirão para a praça, uma estranha excitação percorrer-lhes-á a alma. Os mais novos, provavelmente, serão fervilhares hormonais, será como se naquela noite tudo pudesse acontecer, como se a namorada dos seus sonhos pudesse vir a revelar-se, finalmente poderá tocar-lhe, sentir a sua pele macia, poderá estar com ela aos olhos de todos. Os mais velhos, que já pouco esperam da vida, será algo mais racional, será um sentimento de relaxamento, como se a sua vida cansativa se pudesse alterar. Por uma noite poderão esquecer a fadiga de um ano inteiro.
As rotinas serão alteradas. Até os viciados da sueca da mesa do canto do "Café Central" desaparecerão para deixar sentar uns forasteiros, que ninguém conhece, com gosto pela cerveja e amendoins.
Na praça os alto-falantes continuarão a debitar decibéis até que a banda inicie a actuação da noite. De quando em vez uma voz masculina surgirá a anunciar a necessidade de o dono do carro de matrícula tal comparecer na cabine de som, para logo depois os roufenhos sons subirem de tom e voltarem a misturar-se com a vozeada do povo já aglomerado, saboreando a calidez da noite e o repasto da vida alheia.
(Continua…)
ANTÓNIO SÁ GUÉ
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Quadros da Emigração - Londres
Ontem, dia 26 de Maio, almocei na companhia do Tim, um dos responsáveis pelo Festival anual “Readers and Writers”, que ocorre em Lambeth durante o mês de Maio, e do Keith, o jovem bibliotecário da West Norwood Library, num restaurante Português de Lambeth. Sem ementa específica a lembrar a mesa tradicional portuguesa, bebi, contudo, um sumo Compal de maçã e o Tim dirigiu-se ao balcão para pedir um expresso e um pastel de natas. Ficou a saber que a delícia que degustava era o pastel mundialmente conhecido e muito apreciado. Pelos vistos, também por ele. Com aquela pausa para almoço, tipicamente portuguesa, partimos reforçados para a Escola Secundária (West Norwood School), onde nos esperava um grupo de alunos portugueses de mão-cheia. Entretanto, deixámos o Keith na biblioteca a preparar as perguntas que me haveria de colocar, ainda nessa mesma tarde, na sessão de apresentação de Outros Contos da Montanha e a repetir algumas frases em português para agraciar o público em sua língua materna.
Após alguns minutos de espera, vem ao nosso encontro Sam, que é o professor responsável pela realização do evento e acolhimento de Outros Contos da Montanha na Escola. À entrada da sala, duas adolescentes enquanto esperavam discutiam a formação do feminino referente à palavra escritor. Decidiram-se por escritora, mas riam-se dizendo que já não se lembravam. Não seria bem assim, porque foram os dois elementos com maior participação durante a sessão. Perguntaram-me de imediato qual o meu nome e eu perguntei-lhes um a um o de todos, querendo igualmente saber donde vinham. Chegavam de todos os lados, desde a Madeira, Lisboa, Barreiro, Setúbal, Porto… Eu apresentei-lhes a minha terra, a nossa terra, e falei-lhes da vegetação dos nossos montes, da urze e doutras plantas e das pessoas (transmontanas) que inspiraram estes contos. Disse-lhes que me identificava com aquele lugar e que lhes queria mostrar a sua riqueza, as suas tradições, o seu conto da tradição oral… E aí eles foram lendo em voz alta “O Rapaz e a Víbora” . Alguns com alguma dificuldade e outros de forma mais desenvolta, deram alma e vida àquele texto na sua sala de aula. Por fim, à laia de sumário feito no final da lição, perguntei se haveria um voluntário que quisesse resumir a história em apenas algumas frases. Fê-lo uma das meninas da indecisão entre escritor/escritora de forma escorreita e eficaz.
Penso que se colheram frutos, pois dali tiraram-se duas vertentes da mesma moral da história. Uma delas, saída da boca da rapariga e da narradora, diz que não se deve trair a amizade, neste caso o amor e a lealdade à nossa língua, porque é o meio por excelência de identidade e de cultura, ou seja, “a nossa pátria”. A outra, a que o professor proferiu em forma de “confessada” conversa: “Muitos dos alunos que aqui estiveram nunca se atreveram a participar numa aula, nunca leram em voz alta e nem sequer levantaram o braço”. E acrescentou: “Penso que para eles foi muito importante que a sua própria cultura chegasse, batesse à porta e se instalasse na sala de aulas”.
Eu digo obrigada a todos e espero que o interesse permaneça para que possam ler a versão integral do livro que se encontra na Biblioteca da escola.
Continuação de boa leitura!...
Reabilitação urbana do espaço envolvente do cemitério de Moncorvo
Arrancou há pouco mais de um mês a obra de reabilitação do actual campo da feira de Torre de Moncorvo, que envolve a parte de cima do cemitério (desde a sede da ACIM e a zona das Aveleiras) e a parte de baixo, onde dantes se localizou o bairro social do Fundo de Fomento de Habitação.
Esta obra prevê a concretização de um espaço multi-funcional, com o ordenamento do espaço da feira, arborização, estacionamento automóvel, um parque infantil, pequeno bar e, futuramente, a nova capela de Santo Cristo, a localizar no recanto em forma de anfiteatro localizado ao fundo da rua de Santiago (ver planta).
A obra implica amplos movimentos de terras (como as fotos documentam), muros de contenção em alvenaria de xisto e "gavions" de granito, pavimentos betuminosos e em granito, lancis, mobiliário urbano, iluminação pública, drenagens e zonas verdes.
A entidade responsável da obra é a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, que tem como parceira a Associação de Comerciantes e Industriais de Moncorvo (ACIM). O orçamento inicial do projecto é de 500.000€, sendo 350.000€ comparticipados pelo FEDER, 100.000€ pela administração local (CMTM) e 50.000€ pelo parceiro (ACIM).
Convém recordar que a zona dos tabuleiros superiores do lado Sul do cemitério foram, outrora umas belas hortas ajardinadas que pertenceram a grandes proprietários da vila, como Abel Gomes e António Montenegro. Nos anos 80 do séc. XX os terrenos foram adquiridos pelo município, que aí instalou o estaleiro municipal e parque de máquinas. Com a transferência desta funcionalidade para a zona da antiga estação dos caminhos de ferro, já nos anos 90, o espaço em causa passou a ser ocupado pela feira e, episodicamente, pelos circos ou diversões ambulantes.
domingo, 23 de maio de 2010
Quadros da transmontaneidade (10)
O arraial começou antes, muito antes, das luzes acenderem. Começou com longas discussões na casa da junta para concluir qual a banda filarmónica e a banda rock a contratar. Começou num conflito de gerações, benigno, para definir se o arraial devia ser abrilhantado, em primazia, pela banda de Sobrado, ou pelos AND SO ON, que nada tocam, apenas gritam, no dizer dos mais velhos.
– Aixe... atão aquilo é que é música? – interrogava-se o Ti Marcolino, quando se lembrava das ondas sonoras de uma guitarra eléctrica, pouco afinada, que lhe entravam pelos ouvidos dentro e lhe esborraçavam os tímpanos.
A noite é pequena para conter duas bandas ao desafio, um conjunto “rockeiro” para satisfazer as vontades dos mais novos, a cantar em inglês, que é mais fixe, como se só essa língua carregasse poesia, e ainda por cima, a incomodativa mas sempre lucrativa arrematação das prendas que as raparigas casadouras haviam de oferecer.
Hoje, essas guerrilhas estão ultrapassadas, o poder local, conquista de Abril, toma decisões e paga.
(Continua...)
ANTÓNIO SÁ GUÉ
Isabel Mateus presente no festival de Leitores e Escritores de Lambeth (Reino Unido)
http://torredemoncorvoinblog.blogspot.com/2009/08/exposicao-sobre-armando-m-janeira-e.html
http://torredemoncorvoinblog.blogspot.com/2009/04/outros-contos-da-montanha-de-isabel.html
«Outros Contos da Montanha (Other tales of the Mountain) with Isabel Maria Fidalgo Mateus
Wednesday 26 May, 6pm at West Norwood Library.
"Outros Contos da Montanha" is a book composed by 36 short stories dealing with the rural life in North East Portugal. As a whole the stories represent the different aspects of the cultural and social life of the community since past times, passing through the harsh period of the Portuguese Dictatorship (1928 to 1974).
Isabel was a teacher in Portugal for 10 years before moving to the UK in 2001 where she completed a PhD and now lectures at Liverpool University. She is the author of three books. She has been working with Portuguese speaking schoolchildren in Lambeth and here talks about her book and the experience of emigration. Not only will Isabel be discussing her work but would also like to hear the stories of other Portuguese migrants for inclusion in her next book».
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Pessoas 3 - O barbeiro e o lavrador (era assim...)
- Autor: António Basaloco (sénior)
- Título: O barbeiro e o lavrador
- Legenda: “Barbeando de terra em terra... de rua em rua... e de casa em casa. Até vai ao campo onde os lavradores descansam... enquanto fazem a barba”.
- Local/data: Mós (concelho de Torre de Moncorvo), 2002
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Pelos céus de Moncorvo
Mirandela (
terça-feira, 18 de maio de 2010
E os meninos foram ao museu!
- Desde grupos séniores, com destaque para uma excursão de um Lar da freguesia das Chãs (Vila Nova de Foz Côa) a visitantes ocasionais, aproveitando o belo dia soalheiro, muitos foram os que neste dia mundial dos museus foram dar uma visitinha ao Museu do Ferro (ver "post" anterior).
Mas a visita colectiva mais numerosa e efectiva, ocorreu depois de almoço, integrada numa actividade coordenada pela estagiária do Museu, D. Amélia Cascais, em articulação com as senhoras professoras do Agrupamento Vertical de Escolas/Jardins de Infância e colaboração do pessoal do Museu e da Biblioteca Municipal. As crianças percorreram a exposição permanente, jardins e auditório, onde realizaram actividades relacionadas com a Primavera.
Hoje é Dia Internacional dos Museus!
domingo, 16 de maio de 2010
Quadros da transmontaneidade (9)
ANTÓNIO SÁ GUÉ
sábado, 15 de maio de 2010
Pessoas 2- um sorriso
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Igreja de Adeganha
A merecer uma visita, aproveitando a tolerância papal (para quem não quiser ir tão longe a ver o Sumo Pontífice...)
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Pessoas 1 - "Indignação"
Ficha técnica:
- Título: Indignação
- Autor: António Basaloco (sénior)
- Local e data: Adeganha (concelho de Torre de Moncorvo), 2006
- Legenda: "...pois é. Agora ninguém vai à igreja. Antigamente inda vinha o padre d'Alfândega... agora nem esse cá vem... não le dá prás despesas..." [disse a senhora idosa]
(clicar sobre a foto, para a ampliar)
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Jornada Ornitológica - breve reportagem
Aves muito esquivas, mal dão pela aproximação das pessoas, os "mergulhões" ("Tacgybaptus ruficollis") fazem jus ao nome. E vão emergindo cada vez mais para o outro extremo do lago. Na foto está assinalada a presença de um dos espécimes.
Fica aqui mais uma proposta de actividade para um fim-de-semana. É essencial um bom par de binóculos e uma máquina fotográfica com objectiva apropriada. Boas observações!
Fotos de R.Leonardo, A.Calheiros e N.Campos
sábado, 8 de maio de 2010
Quadros da transmontaneidade (8)
Lá pelo Verão, quando os dias são longos e as noites curtas, agradece-se ao céus, por mais um ano de colheitas, por o bem ter vencido o mal, por ainda se estar vivo. Junta-se o sagrado e o profano, o material e o espiritual e faz-se festa ao santo padroeiro que tantas graças lhes trouxe ao longo do ano.Tudo é previsível: o programa é a tradição. Pela manhã cedo há-de um morteiro anunciar a alvorada. A banda há-de percorrer as ruas empedradas, uma leve brisa encarregar-se-á de fazer esvoaçar as fitas de papel que as engalanam, os sons melodiosos entrarão pelas casas dentro, as mulheres hão-de assomar aos postigos a vê-la passar, os homens, de passo estugado, marcharão logo atrás, à laia de procissão, e os velhos, já na praça, hão-de finalmente desentupir os empedernidos ouvidos com o presto final. Depois é a vez dos sinos repicarem, clamarem pelos fiéis, a igreja encher-se-á, o padre na prédica específica, que se impõe, valorizará os actos beatíficos do santo de tanta devoção e, para que ninguém falte, anunciará do “altar p'ra baixo” o horário da procissão, que também ela há-de percorrer as ruas durante a tarde que se anuncia tórrida. O altifalante, previamente instalado, ajudará a festa debitando catadupas de roufenhos decibéis ao longo de todo o santo dia.
(Continua…)
ANTÓNIO SÁ GUÉ
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Ornitologia: jornada sobre Aves da nossa região
Da parte da tarde haverá um passeio ornitológico com digressão pela ECOPISTA, com objectivo de observar as aves que nesta época do ano povoam a nossa terra (a este propósito, é preciso não esquecer que dia 13 de Maio é o dia mundial das aves migradoras).
Esta iniciativa é organizada pela associação do PARM, com apoio do município.
Para saber mais, ver:
http://parm-moncorvo.blogspot.com/2010/05/aves-da-nossa-regiao.html
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Memórias da linha do Sabor - estação de Carviçais
Estação de Carviçais em 27.04.2010 (foto de Rui Leonardo)
.
Sobre a linha do Sabor, ainda há dias aqui escrevemos: "o lanço do Pocinho, Moncorvo e Carviçais (34km) foi aberto à circulação em 17 de Novembro de 1911. Custou cerca de 361.000$000 réis. O lanço de Carviçais foi aprovado em 29 de Fevereiro de 1908 e o projecto do lanço seguinte, de Bruçó a Brunhosinho em 31 de Dezembro de 1910".
Foi há cerca de 100 anos, na transição da monarquia para a República.
O combóio era, na época, a grande esperança de desenvolvimento regional, expectativas mineiras e cerealíferas à mistura. Hoje são os IC's, os IP's, auto-estradas, com outras minas ou talvez não. "Todola vida es sueño..." diria Calderón.
O que ficou? - vestígios e memórias. Chamam-lhe Património. "Património industrial", já que o combóio foi o símbolo por excelência da Revolução Industrial. Todavia a região nunca deixou de ser eminentemente rural. Seria utópico sonhar aqui Birminghan's, Ruhr's ou até mesmo Seixais e Barreiros. Dessa Revolução Industrial chegaram-nos apenas, tardiamente (ou quando foi possível), os fumos de um símbolo dos seus momentos primeiros: máquinas oitocentistas no dealbar do século XX e durante mais de três quartos desse século.
Mas, ficou-nos algo mais, felizmente: excelentes apontamentos escritos pela pena de escritores da região. Aqui ficam apenas dois excertos:
.
1 - «Duma ponta à outra são cento e vinte quilómetros, mas quer para cima quer para baixo, aquilo era viagem que durava de manhã à noite. O combóio levava tudo, parava em toda a parte. Nas estações, quase todas isoladas na serra, as cargas e descargas faziam-se lentamente, mas em grande alvoroço, os carregadores a gritar e a correr numa pressa de teatro, temerosos de que o chefe os repreendesse ou o senhor maquinista se irritasse por ter de esperar. (...) De súbito o chefe apitava, a locomotiva respondia, os carregadores batiam uma continência marcial e o combóio arrancava, inclinava-se a fazer a curva, desaparecia entre os taludes. / Tantas vezes viajei nele que, numa ilusão de criança, o julgava coisa minha. O combóio da linha do Sabor existia para meu prazer, era o brinquedo em tamanho grande que me tinham dado e que, num ar de excitação e festa, me levava para a aldeia ou dela me trazia.» - RENTES DE CARVALHO, in: "A amante holandesa", Ed. Escritor, 2003.
Estação de Carviçais - os belos azulejos já foram rapinados das paredes exteriores!
2 - «1977. O combóio marcava o tempo, que bem podia ser adjectivado de medievo: as casas escuras e térreas, cobertas de telha vã, paredes de pedra solta, sem rebôco, partilhadas com os animais, os tavolados toscos e sujos varridos a vassoura de giesta, a iluminação de petróleo. (...) Horário de trabalho: de sol a sol. Horológios: os da torre da igreja, que beatificava as horas com as 'avé-marias', e o comboio, que as mundanizava. Era depois de o apito das dez (horas de terça) entoar pelos campos que se matava a fome e aliviava as dobradiças do moirejar. Era depois de passar o meio-dia, hora de Sexta, que se jantavam mais uns mordos. Era depois do apito das seis da tarde, horas de véspera, que se largava a rabiça do arado. / - Vamos parar, que já lá vai o comboio - dizia o João Caturra que, debaixo de um sol escaldante, segava desde os primeiros alvores do dia. E erguia o costado, deitava a mão às cruzes, e ficava a olhar ao longe aquele mostrengo negro como a fuligem que se aproximava lentamente. (...) ... o combóio já fazia parte da vida e da paisagem. (...) Apita Abílio!... - O Abílio era o maquinista natural da terra, que assim cumprimentava todos, e de uma só vez.» - ANTÓNIO SÁ GUÉ, in: "Contos dos Montes Ermos", ArtEscrita editora, 2007.
Por: N.Campos; fotos: R. Leonardo
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Flores de Constantino
Para ficar a conhecer mais sobre o percurso deste Homem extraordinário, é obrigatório ler o interessante estudo da Dra. Júlia de Barros Ribeiro (Biló): "Constantino, Rei dos Floristas. Uma quási-biografia", publicado em 2003, numa co-edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo e Magno edições (de cuja contracapa se extraiu a imagem que vai acima, fotografia original da Drª. Helena Pontes/Chefe de divisão de Cultura e Turismo de Torre de Moncorvo).
Recentemente encontramos também uma referência a Constantino, na biografia "D. Luís", editada pelo Círculo de Leitores (2006), da autoria de Luís Nuno Espinha da Silveira e Paulo Jorge Fernandes, a propósito das cerimónias da recepção, em Lisboa, de D. Maria Pia, rainha de Portugal, em 1862:
"Os reis foram recebidos no Cais das Colunas, debaixo do pálio da Câmara Municipal, dirigindo-se ao pavilhão, aonde o presidente da Câmara Municipal (...) entregou as chaves da cidade ao rei que as ofereceu à rainha. Noticia ainda, o Jornal do Comércio, que «uma deputação da associação dos artistas lisbonenses ofereceu à augusta Rainha um belo ramo de flores artificiais feito pelo rei dos floristas portugueses, Constantino»." (in: Op. cit, pp. 57-58).
por: Leonardo
terça-feira, 4 de maio de 2010
Ainda a pujança da Primavera...
De tons liláceos, são as "tremocilhas" - Foto de Engº. Afonso Calheiros e Menezes
Também entre o roxo e o cor-de-vinho, as "arçãs" ou rosmaninho do monte - foto de Engº. Afonso Calheiros
Estevas em flor, com as cinco chagas de Cristo no meio, diz o povo - foto de Engº Afonso Calheiros
Canafrechas em flor, com o vale da Salgada em pano de fundo - Foto de Engº Afonso Calheiros
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Pujança absoluta - por Isabel Mateus
A pujança ABSOLUTA!
De manhã, ao acordar,
A sonoridade insistente e ruidosa
Dos pardais
Disputava o murmurejar de todas as nascentes.
O kuku do cuco
Espraiava-se pela tarde quente
A respirar a Primavera
Na flor da urze,
Na mera da esteva
E no cor-de-vinho da arçã.
O meu apetite da infância
Consumou-se na salada de azedas
Que arranquei à parede
E levei, num manhuço,
À hora do almoço,
Para dentro de casa.
O viço das azedas.
por: Isabel Fidalgo Mateus (poema, fotos e legendas)
domingo, 2 de maio de 2010
Dia da Mãe
sábado, 1 de maio de 2010
Quadros da transmontaneidade (7)
– Mas atão como é que a gente faz, se nem gente temos? – replicou o Ti Raposinho.
– Se não vai o Maomé à montanha vem a montanha ao Maomé. Arremedam-se soluções, chamam-se os músicos da terra vizinha e assim continua a parecer que a terra ainda tem viço.
Noutros tempos, quando a gente era aos punhados podiam faltar instrumentos, mas não faltavam rapazes a deixarem-se enlevar pelos ademanes amaviosos da musa Euterpe, aquilo mais parecia uma prova iniciática de adultidade. Hoje é precisamente o inverso, não faltam instrumentos, falta é gente para os tocar. Nesse tempo, mal a primeira penugem do queixal despontava e o buço começava a escurecer, a necessitar de ser untado com merda de pita preta, ou até antes, lá ia o raparigo à Casa da Junta receber as primeiras aulas de solfa do Ti Pincherina. Seja como for, não há povoado aninhado nos talvegues ou debruçado na encosta soalheira dos montes que não tenha, ou aspire a ter, uma grande banda. Aquele gosto pela música ninguém lhe conhece a origem, é grande, muito profundo, está na natureza das coisas: como poderiam as amendoeiras florir sem os sons mágicos da flauta? Como amareleceriam as mimosas sem os “sis” sustenidos do clarinete?
A origem era de certeza essa porque mal despontava a Primavera logo se ouviam as primeiras “opaniões” dos arraiais, das arruadas, das festas já ajustadas que vinham com o Verão e também das que faltava ajustar.
ANTÓNIO SÁ GUÉ
Dia do Trabalhador e papoilas
Desde os tempos revolucionários que nos lembramos de ouvir dizer que o 1º de Maio era vermelho. Aqui fica, pois, uma foto de uma manifestação de papoilas, tipo grito vermelho num campo qualquer - com a proposta de uma visita à Exposição de fotografia "Papoilas e Outras cores de Trás-os-Montes" (de autoria de Hernâni Carqueja), patente no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo. Mais uma proposta, ainda para este fim de semana.
Porque não amanhã, domingo?
(foto do Dr. Hernâni Carqueja)
Mós (antiga vila medieval) - proposta de visita
Mós, terra antiquíssima, a merecer uma visita. Fica a proposta para este fim de semana, com um abraço ao povo moseiro.