domingo, 23 de maio de 2010

Quadros da transmontaneidade (10)

A Festa: O Arraial - 1

O arraial começou antes, muito antes, das luzes acenderem. Começou com longas discussões na casa da junta para concluir qual a banda filarmónica e a banda rock a contratar. Começou num conflito de gerações, benigno, para definir se o arraial devia ser abrilhantado, em primazia, pela banda de Sobrado, ou pelos AND SO ON, que nada tocam, apenas gritam, no dizer dos mais velhos.
Aixe... atão aquilo é que é música? – interrogava-se o Ti Marcolino, quando se lembrava das ondas sonoras de uma guitarra eléctrica, pouco afinada, que lhe entravam pelos ouvidos dentro e lhe esborraçavam os tímpanos.
A noite é pequena para conter duas bandas ao desafio, um conjunto “rockeiro” para satisfazer as vontades dos mais novos, a cantar em inglês, que é mais fixe, como se só essa língua carregasse poesia, e ainda por cima, a incomodativa mas sempre lucrativa arrematação das prendas que as raparigas casadouras haviam de oferecer.
Hoje, essas guerrilhas estão ultrapassadas, o poder local, conquista de Abril, toma decisões e paga.
(Continua...)

ANTÓNIO SÁ GUÉ

Sem comentários: