Rebentaram todas as nascentes e a água escoa-se livremente nas direcções talhadas pelo homem ou pelo seu próprio ímpeto
A pujança ABSOLUTA!
De manhã, ao acordar,
A sonoridade insistente e ruidosa
Dos pardais
Disputava o murmurejar de todas as nascentes.
O kuku do cuco
Espraiava-se pela tarde quente
A respirar a Primavera
Na flor da urze,
Na mera da esteva
E no cor-de-vinho da arçã.
O meu apetite da infância
Consumou-se na salada de azedas
Que arranquei à parede
E levei, num manhuço,
À hora do almoço,
Para dentro de casa.
Fonte do lameiro escavada na fraga e coberta pela lousa, cuja vegetação espessa lhe suga as entranhas.
O viço das azedas.
O viço das azedas.
A inércia do Homem e a exuberância da Natureza. Se ainda por aqui andasse a Ti Grabulha, levantaria pedra por pedra até a pia dos porcos voltar a ter serventia.
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por: Isabel Fidalgo Mateus (poema, fotos e legendas)
por: Isabel Fidalgo Mateus (poema, fotos e legendas)
2 comentários:
Quando as memórias ainda podem tornar-se realidade, também o deslumbre pode tornar-se absoluto.
Obrigada, Isabel, por este momento.
Júlia
E gostava tanto, Júlia, quando o meu regresso também for absoluto, de resgatar, para sempre, das pedras esse passado-presente-futuro. Porque, mesmo com o progresso, acredito que possamos "arrancar à parede" as mesmas "azedas" da Eternidade.
Muito obrigada, Júlia, por essa sua frase tão bonita. Vou copiá-la para a minha memória.
Um beijinho,
Isabel
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