sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quadros da transmontaneidade (13)

O Arraial: a arrematação

De léguas a porras um foguete ribombará nos ares. Por conta do inesperado estrondo as consciências estremecerão e os olhares convergirão.
Lá pelas 23 horas a impaciência de muitos estará no auge: a banda de música pretenderá tocar a última rapsódia e despedir-se daqueles que a acompanharam ao longo do dia. Os AND SO ON continuarão a afinar as cordas, como que a justificar a sua existência. A rapaziada, que quer abanar o capacete, aproximar-se-á deles. O arrematador de serviço, imune a tudo, continuará a leiloar, a despachar para dizer bem e depressa, as últimas prendas ainda eiradas nas prateleiras improvisadas:
- Quanto vale esta? Olhem só esta beleza… - o desmesurado gabanço às ofertas transformadas em mercancia, continuará. As piadas, as simulações de entrega, o incentivo para dar mais 1, tudo ampliado pelo zurrante, o alto-
-falante, sobrepor-se-ão à zoada de fundo das conversas cruzadas.
O gabarrista de serviço sente que está sozinho e passará, finalmente, a palavra à banda que, em jeito de marcha triunfante, seguirá rua abaixo e entrará na carreira do Santos quando os AND SO ON afugentarem os mais velhos.

(Continua)

ANTÓNIO SÁ GUÉ

2 comentários:

Anónimo disse...

Em breve teremos os tempos de Festa. Será que em algum lugar ainda se repete um pouco esta descrição? Porventura ainda em Carviçais? (que no Carviçais Rock não há arrematação de certeza...)
Esperemos que o António Sá Gué nos pague por lá um copo, com ou sem Carviçais-Rock.
abraço de
um Amigo.

António Sá Gué disse...

Olá!
Talvez apareça, já que mais não seja para ver a festa sem arrematações.

Cumprimentos,