segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ervas aromáticas e medicinais, um sucesso no Museu do Ferro

Tal como aqui anunciámos, realizou-se no passado sábado, dia 12 de Junho, uma sessão sobre ervas aromáticas e medicinais, completada com uma mostra de vários espécimes (ao vivo e em fotografias), pelo Engº. Afonso Calheiros e Menezes, técnico do PNDI e presidente da direcção do PARM.

Esta foi mais uma iniciativa enquadrada no programa de actividades do Museu do Ferro, tendo como critério de oportunidade a celebração do Ano Internacional da Diversidade Biológica/2010, "decretado" pelas Nações Unidas em Outubro de 2009. Além disso, foi objectivo do PARM alargar um pouco mais a temática do Património Natural da região para a qual tem vindo a chamar a atenção, desde os aspectos geológicos à micologia (passeios micológicos, já com duas edições) e ornitologia (igualmente com duas sessões de observação de aves, realizadas nos 2 últimos anos).
É entendimento da associação PARM que o património cultural só faz sentido se tiver em conta o "background" em que se insere, e com o qual se relaciona e interage. - E, no caso do conhecimento sobre as ervas, há um vasto campo de saber popular que urge recolher e divulgar (etnobotânica).

Este evento contou com um público numeroso e muito interessado em saber mais sobre estas matérias. Além dos nomes comuns e científicos das plantas, foram dadas indicações sobre o tipo de utilizações, quer para tratamentos (plantas medicinais), quer para condimentos (aromáticas).

Para as pessoas mais ávidas em conhecer e em saber identificar as diversas espécies, foram expostos vários manuais, para consulta. Além de observarem as fotografias, os visitantes puderam ainda cheirar e mexer nas plantas colhidas no próprio dia, trocando informações com o Engº Afonso, sendo interessante notar que o público (sobretudo feminino e de mais idade) conhecia muitas destas plantas e suas utilizações.

Esta foi também uma oportunidade para os mais jovens se informarem sobre as virtudes de algumas plantas da nossa região, de cuja existência nem sequer suspeitavam. Cumpriu-se assim o objectivo de chamar a atenção para um tipo de património que nos cerca e no qual muitas vezes nem reparamos, nem valorizamos, por mero desconhecimento.

Desde as ervas e folhas para chás (infusões) aconselháveis para quase todo o tipo de situações (cidreira, fiolho, tília, limonete, hipericão, sabugueiro, camomila, arranca-pedras, etc.), aí encontrámos ainda as aromáticas utilizadas na cozinha ou na preparação de alimentos (louro, salsa, hortelã, erva-peixeira, tomilho, poejo, etc.), ou outras aromáticas que nos inebriam os sentidos, seja no monte, ou em jardins (arçã ou rosmaninho do monte, alecrim, bela-luz, esteva, carqueja, madressilva, etc.).
Mas havia ainda as comestíveis (espargos do monte, norça, azedas, beldroegas, etc.), numa vasta recolha feita com a finalidade de se chamar a atenção para a grande variedade de plantas existentes na nossa região e as suas múltiplas aplicações. Numa mesa à parte, figuravam algumas plantas tóxicas, como o embude, verbasco e outras, assim como as que, na crença popular, ora repelem as bruxas (arruda) ou as favorecem (trovisco).

Uma forma de os mais jovens aprenderem a reconhecer as plantas, será através da organização de herbários, complementados com álbuns fotográficos. Os manuais ou catálogos são preciosos auxiliares que podem ser levados para o campo, para uma melhor identificação "in loco".
No final da sessão, os visitantes puderam deambular pelos jardins do museu e identificar alguns plantas referencidas na exposição, ou outras.
Foram ainda servidas infusões de algumas ervas, como camomila, fiolho, hipericão.
A exposição fica patente ao longo do presente mês, no horário normal de abertura do museu (de terças-feiras a Domingos), devendo ser solicitada a visita na recepção, ou por marcação telefónica, no caso de visitas de grupo (tel. 279 252 724).
Fotografias de Higino Tavares, N.Campos, R.Leonardo/PARM

1 comentário:

Júlia Ribeiro disse...

Aqui está uma coisa que eu gostaria imenso de ter visto.
Em pequenina, ainda acompanhei muitas vezes a minha avó, que conhecia essas ervas todas, as colhia na altura certa, as punha a secar e depois guardava em saquinhos de linho que pendurava nas paredes da cozinha que era também a sala. E cada erva tinha a sua serventia : para chás, para infusões, defumações, barrelas, cheirinho entre os lençóis na arca ... E, claro, as azedas, as beldroegas, os espargos bravos eram para comer. Havia lá coisa melhor do que um ovo mexido com três ou quatro espargos bem picadinhos ! Isso era uma delícia.

Os meus parabéns ao Eng.º Afonso Calheiros e Menezes por essa sessão, que só pode ter sido um sucesso.

Júlia Ribeiro