terça-feira, 15 de junho de 2010

Etnobotânica - um livro que importa reeditar

«Nas últimas décadas surgiu nos países mais desenvolvidos um vivo e apetente interesse pelo estudo e investigação, consumo e produção destas 'ervas' tão mágicas quanto úteis e imprescindíveis ao sentido da vida.
E, se em tempos remotos o misticismo das 'ervas' não ia muito além das utilizações práticas - medicinais, cosméticas ou aromáticas - mais tarde, com a arte dos jardins, acrescentou-se-lhes também o prazer da comtemplação e da estética enquanto plantas de jardim.
Actualmente, com a afirmação da ciência, a utilização sistemática dos recursos naturais e a valorização da busca da harmonia com a natureza, ficaram abertos amplos e crescentes campos de aplicação - na indústria farmacêutica, perfumaria e cosmética.
Em Portugal, o renovado interesse que se manifesta pelas virtualidades das ervas bravias comestíveis, a partir dos anos 80 coincide, como em todo o mundo, com o nosso máximo desenvolvimento socio-económico. E, em Trás-os-Montes e Alto Douro, onde as tradições e os saberes da memória colectiva fizeram perdurar as ousadas e fascinantes utilizações destas 'ervas' tão simples quanto altivas ou sublimes, o interesse científico, económico e aprazível é também real, frutífero e benéfico.
(...) E, foi no seio de um dos vários projectos [projecto "Plantas aromáticas, medicinais e condimentares/INTERREG II] que resultou esta pequena e modesta obra que queremos que seja oportuna e utilitária, não para mentes hábeis, mas para pessoas práticas.
No entanto, este livro resulta ainda dos mistérios subtis da filosofia do nosso povo que tantas vezes regulava a sua existência segundo o ritmo da natureza ou, sem qualquer constrangimento, daqueles ensinamentos sábios da maravilhosa 'arte de viver' (...)».

- Foi com estas sábias palavras que o nosso conterrâneo Engº. António Manuel Monteiro (técnico superior da DRATM) abriu o livro Etnobotânica, plantas bravias, comestíveis, condimentares e medicinais, de que foi co-autor, juntamente com o Prof. Doutor José Alves Ribeiro (UTAD) e Drª Maria de Lurdes Fonseca da Silva, numa edição de João Azevedo/Mirandela, datada de 2000.
Esta obra encontra-se infelizmente esgotada, embora possa ser consultada, juntamente com outros livros sobre esta temática, na exposição ora patente no auditório do Museu do Ferro (- o nosso agradecimento ao nosso amigo Américo Monteiro pelo empréstimo).

Além da caracterização científica de muitas espécies da nossa região, o livro referido tem o particular mérito de recolher muitos conhecimentos da chamada "sabedoria popular" (que o é, efectivamente), tanto a nível de utilizações gastronómicas como da farmacopeia. Muito pertinente, num tempo em que tanto se fala em "cultura imaterial".
Apelamos aos autories e ao editor, o nosso amigo Roger, que pensem numa rápida reedição, dado o especial interesse desta obra.

1 comentário:

Júlia Ribeiro disse...

Tenho mesmo de ler a "Etnobotânica". Primeiro, porque o tema me agrada muitíssimo; segundo, para ficar a conhecer um pouco os autores, em especial o conterrâneo Engº António Manuel Monteiro.
Porque lendo se descobre sempre algo sobre quem escreve.

Abraço
Júlia