Até que o Diabo, finalmente, avistou uma árvore cheia de flores brancas e rosadinhas.
- Ah! – exclamou ele – ali está a minha salvação. Se é a primeira a dar flor, é também a primeira a dar fruto! Vou-me sentar ao toro e esperar pelo que há-de vir.
E se bem o pensou, melhor o fez, deitando-se a dormir, à espera que lhe caísse o fruto madurinho
Passou um mês e... nada! outro mês e... nada! outro mês e... nada! Já as cerejeiras, as pereiras, as ameixoeiras, as macieiras e todas as outras árvores tinham dado flores e tinham dado os seus frutos e o raio da amendoeira... nada!
Mas o Diabo era teimoso e continuou à espera. Só quando viu que o Verão estava a acabar e que ia passar outro Inverno cheio de fome, é que resolveu desistir e foi encher-se de figos a uma figueira.
Quando o viu partir, já em Setembro, é que a Amendoeira fez amadurecer o seu fruto, a Amêndoa. E ainda por cima fez com que a sua casca fosse bem dura, não fosse o Diabo voltar atrás e nela tentasse ferrar o dente.
É por isso que a amendoeira é a primeira a dar flor e a última a dar fruto. E é também por isso que dizem que a “Figueira é a árvore do Diabo”, porque lhe deu de comer, enquanto a Amendoeira é “a árvore que enganou o Diabo”.
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[Conto popular, com redacção e adaptação de Henrique de Campos]
3 comentários:
E é por isso que a Amendoeira é a minha árvore preferida! É que enganar o Maligno, que é arteiro e muito esperto (ou pelo menos assim se julga!), de mil rostos e de mil vozes, na verdade é Obra!!
Amendoeira bendita cuja flor já estava inscrita na Arca da Aliança e cuja vara era a de Aarão...
Amendoeira bendita cuja branca flor é a da Pureza, que a tua beleza continue a abençoar os nossos campos...
Amendoeira bendita que de ti sempre espere o demo em vão e em ti acabe de arrebentar os dentes...
Joaquim Almendra
Para quem está na “diáspora” sabe tremendamente bem beber toda a emoção e toda a riqueza presentes nas entradas aqui colocadas. Parabéns!!!
Já ouvi esta história muitas vezes… palavras sopradas por um “tal” de Henrique de Campos… Agora tenho o prazer de as ler e reler continuamente…
Um grande abraço da Madeira,
Paulo
Conto muito bonito! A eterna batalha entre o Bem e o Mal. É claro como água que essa Donzela, a amendoeira transmontana florida, estaria à altura do Mafarrico!
Ficamos à espera de mais!
Isabel
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