segunda-feira, 29 de março de 2010

Da transmontaneidade (2)

Depois da luz fenecer as cores dos montes morrem, mergulham nas trevas mas nem por isso os sinais de vida desaparecem. Não tardarão a surgir tremeluzires dos povoados distantes, barulhos misterioros de faunos, halos de luz longínquos Além-dos-Montes. Mas não é necessário haver luz para sentir a sua sempiterna existência. Deixe-se levar pelas asas da imaginação: percorra canados e ladeiras, sinta o silêncio das pedras e fraguedos, oiça o marulhar das ribeiras. Sinta a frescura da brisa depois de um dia Verão. Deixe passar o árido cieiro, espevite os sentidos com um dia de inverniça, sinta-se humano ao acender uma fogueira, olhe ao longes e quando encontrar beleza na aridez da paisagem será capaz de entender os seus segredos.

por: ANTÓNIO LOPES

http://antoniosague.blogspot.com/

foto: N.Campos (entre o Larinho e o Sabor)

2 comentários:

João Costa disse...

Perfeita harmonia das palavras de Sá Gué e da imagem de Nelson Campos.
Trás-os-Montes - ESTA Sinfonia que me seduz.

Anónimo disse...

Caro João,
O mérito é todo do nosso amigo António Lopes (Sá Gué) que na sua escrita eloquente nos sugeriu um rico conjunto de imagens que, de tão impressivas e caracterizadoras das nossas terras, fácil tornou a sua procura no nosso álbum digital da Trasmontânia. Havia muitas outras, mas optámos por esta, por ser recente e mais luminosa, e como tal convidativa ao passeio e à comunhão com a terra!
abraço,
N.