terça-feira, 16 de março de 2010

Emigração - o aroma da flor do grelo

A filha acabara de chegar de França com o namorado que não entendia patavina de português. Mesmo assim, qual Jacinto queirosiano, acompanhou a "sogra" à horta, enquanto a São ficava por casa, vaidosa do destemido rapazola que se aventurou pela floresta de hortícolas. Nisto, a mulher estranhou o movimento galinácio do pescoço mancebo e, até ao regresso a casa, aguentou o riso, como se levasse uma baciada de roupa debaixo de cada braço.
- Ó filha, então o teu moço andava-me a cheirar as flores dos grelos! Pensa que aquilo é um canteiro, é?!

Dirá o narrador ou mesmo um crítico literário que estamos perante um cruzamento de culturas!

J.C. Verdade verdadinha

2 comentários:

Anónimo disse...

Granda J.C.! (quero acreditar que não é o J.C., o do "Em verdade vos digo...", que não consta que tivesse especial sentido de humor, para além de não ter biblioteca e não perceber nada de finanças). Mas, "em verdade lhe digo", que esta estória se poderia passar com qualquer urbanóide dos de cá, dos que pensam que a batateira é uma árvore e que as azeitonas se colhem da azeitoneira. Já quanto ao cheirar os grelos, bem, o Quim Barreiros teria preferido o bacalhau! ehehehe!
Mas, agora a sério, acho que o fenómeno "emigracional" (à parte os luso-descendentes de 3ª geração que já pouco falam de português) teve implicações linguísticas também interessantes, resultado dessa interacção cultural, dando origem ao gozo alarve dos "ficantes", criando até um neologismo para designar os "emigrantes" - quem não se lembra dos "avéques"?? Ah, e as célebres estórias, como a do "Jean-Pierre tu va tomber!..." (material para mais uma antologia, tentando perceber as coisas no seu contexto, sem ser a da abordagem zombeteira do vulgo).
Mendo

vasdoal disse...

Caro Mendo,
Comentário sublime: Humor com Humor se paga!